06 junho 2004

ECOPOL

Sobre o interessante debate para as eleições europeias, uma adaptação com a devida vénia do senhor Abrupto e sem sinal de "treta auto-justificativa":
Quando é que os senhores [políticos] autorizam que a campanha eleitoral seja sobre qualquer outra coisa que não seja os ?insultos?? Os insultos ocorreram de facto nos primeiros dias da campanha, de forma inteiramente lamentável. Chamo insultos aos insultos pessoais porque só esses merecem a classificação de insultos. Classificações [jornalísticas] podem ser consideradas ofensivas, excessivas, radicais, mas não são insultos. Devem ter respostas [jornalísticas] e comentários [jornalísticos], e não metidas no mesmo saco da orelha e do periquito. Seguiram-se os pedidos de desculpa e os insultos não se repetiram. Podiam ser considerados um epifenómeno da campanha, lamentável mas que dificilmente caracterizava as principais figuras envolvidas. Ana Manso e João Almeida (quem é?) não são propriamente gente grada. Ocorreram, insisto, no início da campanha e, no entanto, para quem ligue uma televisão, ou uma rádio, ou leia um jornal, nada mais tem acontecido uma semana depois. Senhores [políticos] ? e dou dois exemplos: [Pacheco Pereira, no Abrupto, o CDS em geral] ? fazem arrogantes exercícios de superioridade moral sobre essa malta ignara dos [jornalistas] que se insultam todos os dias, perante eles, guardiões da moral e dos bons costumes cívicos. É por isso que, até ao último dia, os senhores [políticos] não vão deixar sair a campanha do episódio dos insultos. Convém-lhes, dá-lhes pretexto para esta arrogância moral.
E, no entanto, e sem distinguir entre os principais candidatos do PS e PSD, eu já li entrevistas [de jornalistas] e debates em que falam de questões importantes para a Europa. Sobre impostos europeus, sobre a defesa europeia, sobre os riscos de directório, sobre o enquadramento institucional, defendendo, nalguns casos, posições controversas e mais do que dignas de debate. Algum senhor [político], na colecta diária de soundbites, [...] fez alguma pergunta sobre a Europa? Algum deu seguimento a qualquer posição sobre a Europa que merecesse atenção? Não, perguntavam-lhes sobre os insultos, ?picavam-nos? na esperança de obter novos insultos.
[E eles, picados, os políticos, coitadinhos, respondiam com novos insultos? Porque enquanto há vida política há esperança?...
E onde se ouviu a voz dos actuais ou candidatos a eurodeputados portugueses em questões sobre o sistema de votação, as mordomias, alguma insistência no Debate Europeu ou O Desencanto Abstencionista?...]