08 junho 2004

VITAMEDIAS

Esta coisa está na secção de media mas não devia ter o subtítulo de opinião, em vez de surgir como notícia?...
Onde é que numa notícia supostamente com factos se pode escrever isto: "É razoavelmente evidente que nada disto é normal, como nada do que há muito se passa no Público é normal, existindo, como parece existir para quem está de fora, um divórcio entre o director do jornal e a respectiva redacção".
Ibegyorpardon? "É razoavelmente evidente", "como parece existir"?!?!!?
- É "razoavelmente evidente" dizer que o autor da "notícia" foi ex-chefe de gabinete da candidatura presidencial de Jorge Sampaio e ex-chefe de gabinete de António Costa e está contra o PSD?
- É "razoavelmente evidente" dizer que o autor da "notícia" escreveu em Maio de 2002 que a "Sonae admite vender jornal Público", que "O Público pode ser vendido", referindo que "A intenção parece clara: a Sonae não quer desfazer-se do Público, mas está disposta a vendê-lo se o jornal não melhorar os resultados de exploração e se o preço for convidativo" como poderia suceder com o DN ou qualquer outro jornal?
- É "razoavelmente evidente" dizer que o autor da "notícia" escreveu em Julho de 2002 "O Independente à venda" mas que "Oficialmente ninguém confirma e todos desmentem", pelo que não há notícia?
- É "razoavelmente evidente" dizer que o autor da "notícia" escreveu em Outubro de 2002 que se "coloca uma questão a quem está no mercado: para onde correm Paulo Fernandes e a Cofina? Até onde é que eles irão? O que é que eles querem?
Uma vez mais, a estratégia parece clarinha como água. E ambiciosa, Se o conseguirão, ou não, a seu tempo se verá, mas o novo objectivo do grupo aponta para a televisão. De preferência, de sinal aberto _ a RTP2. Total ou parcialmente. Tudo depende do modelo que o Governo vier a escolher. Isto é, se alienará a sua exploração ou se rateará, entre vários interessados, os respectivos tempos de emissão. Se isso não for possível, então terá que ser no cabo." E "clarinha como a água", nem a Cofina entrou na TV2 nem no cabo?!...
- É "razoavelmente evidente" dizer que o autor da "notícia" escreveu em Janeiro de 2003 que "A Cofina poderá lançar este ano a versão portuguesa da revista Forbes" mesmo sabendo que "A decisão ainda não está tomada, nem há nenhum prazo definido, mas o DN apurou que o negócio está a ser equacionado no interior do grupo liderado por Paulo Fernandes"?
- É "razoavelmente evidente" dizer que o autor da "notícia" defendeu em Dezembro de 2003 que "O facto de 77 por cento dos inquiridos considerar que os jornalistas portugueses "são sérios e credíveis" não põe em causa que 55 por cento dos mesmos inquiridos pensem que os jornalistas "são influenciáveis pelo poder político""?
- É "razoavelmente evidente" dizer que o autor da "notícia", no final de Maio deste ano, começa por questionar "Até que ponto é que um jornal deve assumir publicamente os seus erros, desmentindo-se a si próprio? Haverá algum limite?" para terminar dizendo "Como dificilmente algum jornal português se disponibilizará para fazer um exercício destes, será que Durão Barroso - e alguns dos seus ministros - está disposto a seguir o exemplo do New York Times?" Mas quando é que Durão Barroso - "e alguns dos seus ministros" - são um jornal?!?!?
- É "razoavelmente evidente" dizer que o autor da "notícia" é o responsável da secção de media no DN? Mas responsável como, porquê e de quê?