06 março 2008

Coisas do jornalismo

Uma questão: se Pacheco Pereira foi o director de ontem do Público, no caso de haver processos judiciais sobre textos no jornal quem é penalizado: o director por um dia ou o director dos restantes dias? (Isto é igualmente válido para o CM com Jorge Sampaio ou o The Independent com o Bono).

Outra questão: o director por um dia que não é jornalista validou as fontes dos jornalistas e a elas teve acesso, tanto mais que esteve presente em reuniões de redacção? Soube quem eram as fontes das notícias?

Como se gerem estas situações?

Para um jornalista, de forma estranha: "A editora de Portugal põe objecções. "Um processo de decisão não é uma notícia". Para o novo director, é. Ele não é jornalista. É historiador, só pensa no futuro.
"Cada vez mais, o Estado negoceia com os privados, e isso não é escrutinado", explica ele. "Os jornalistas têm de o fazer. Todos temos de o fazer".
Aparentemente, não há nenhum dado novo sobre o caso de Telmo Correia e o casino de Lisboa. Logo, não há notícia. Ou há? A sugestão de Pacheco Pereira: fazer uma cronologia relacional, exaustiva de todo o processo." [...]
Surgem dúvidas: "Terá ele informação privilegiada? Mandou fazer o gráfico do casino porque já sabia que se ia encontrar qualquer coisa?"
Se for o caso, terá interferido na História. Terá mudado o passado: a tentação do historiador. Mas esta notícia tem futuro. A do Porto, talvez não, mas ainda assim é uma história: "Faz-se um perfil do homem do Ferrari. As pessoas gostam de ler essas coisas".


Esta decisão editorial, a ser verdadeira, mostra como o (tantas vezes com razão) crítico dos media Pacheco Pereira cede ao gosto das pessoas quando é director por um dia. Entre director, historiador e político, o leitor sabe(rá) realmente qual o seu interesse nestas histórias?

É que, como diz o jornalista, aparentemente não há notícia (sobre o Casino de Lisboa), excepto para o director por um dia, para "Quem ler o jornal encontrará novas informações sobre o caso do Casino de Lisboa"...

Como diz João Paulo Menezes: "Pacheco Pereira e o Público; uma oportunidade perdida?"