Caro António,
* quando me chama de jornalista apenas para bater na comunicação social em geral, está a ser deselegante;
* quando responde nos comentários do seu blogue apenas e após eu lhe ter chamado a atenção para a forma como pessoas que não leram o livro e seguem cegamente as suas palavras, está atrasado (felizmente houve quem tivesse a lucidez de lhe chamar a atenção para isso);
* quando comete erros factuais de nem sequer saber a página que cita para consubstanciar ideias suas, mostra como tresleu o capítulo sobre o DPP;
* quando me acusa de ter assumido um "ângulo contrário", era bom que revelasse quais os ângulos em causa;
* quando afirma que o "livro contém erros e afirmações manifestamente falsas" mas não as especifica, tanto mais quando muitas foram retiradas do seu blogue sem qualquer mutação de contexto, está a ser ligeiro;
* quando me acusa de "incoerências" quando, mais uma vez, eu explico a sua posição sobre o assunto, está a desvirtuar as minhas palavras.
Nestas omissões e confusões, houve quem percebesse as suas falhas, tanto que tem uns 30 comentário sobre este assunto e - como exemplo - mais de 230 sobre o pronunciamento episcopal. Não resisto a citar o seu leitor António Barros que escreveu acertadamente: "De tão acostumado a somar inimigos, não leu de certeza calmamente o texto sobre o seu blogue no livro que critica (claro que aqueles que acima correram logo a dizer "amén, matem o mensageiro", nem para uma folha do livro devem ter olhado...), é que, tratando-se de um livro que não assume posições, acaba por ser um excelente texto sobre a liberdade de expressão. Depois de o ler ninguém concluirá que é uma crítica à sua intervenção cívica - nem sempre apreciável, mas creio que motivada pelas melhores intenções.".
Disse-lhe directamente que "não tenho por hábito discordar dos que discordam de mim. Estão no seu direito - tanto mais quando apontam erros que a serem factuais eu serei o primeiro a tentar corrigir -, em público ou em privado". Mas, desta forma e no tipo de comentário que exerceu no DPP, não sei o que pensar da sua "hidden agenda".
Não posso deixar de lhe responder quanto à utilização - supostamente abusiva - dos seus textos no livro "Blogues Proibidos", sendo eu um interessado na questão dos direitos de autor.
Se bem me lembro, o primeiro processo judicial contra si foi precisamente pela republicação de textos sobre o caso Casa Pia, textos que não eram seus.
Se bem me lembro, o António Balbino Caldeira cita e usa textos publicados em jornais no seu blogue.
Se bem me lembro, não pede aos autores qualquer autorização prévia para o fazer mas agradece-lhes. Tal e qual como eu faço.
Espere, não é por alguém ser ladrão que o podemos ser. Não, de todo! Gostava de lhe falar da cortesia - à falta de um termo melhor. Sabe, daquela matéria que mantém os seres humanos ligados entre si. Daquela antiga facilidade que investigadores e cientistas têm cada vez menos de poder citar trabalhos de outrém sem serem processados por multinacionais ou bloggers ou advogados que julgam estar na moda. Daquela facilidade em que blogues se citam uns aos outros sem serem processados (e não é por se passar para o papel que estas coisas se modificam radicalmente).
Gostava de falar de pessoas que antes de me acusarem de ter extensamente copiado o seu blogue, contassem as palavras para depois fazerem a acusação de forma sólida.
Gostava de falar das pessoas inteligentes que entendem que ao publicar na Web sabem perfeitamente estarem a disponibilizar os seus textos e conteúdos ao mundo e que eles poderão ser re-utilizados dentro da lei. Bastava ter lido a introdução do livro para perceber o que ali está escrito: os textos citados são dos autores e os erros são meus. Não podia ser de outra forma. Não há roubo, tal como o livro não trata exclusivamente de si mas de seis casos paradigmáticos.
Sabe, gostava ainda de falar das pessoas que desconhecem o que é legítimo mas acham que "nem sequer creio lícito, usar extractos longos do trabalho publicado de outrém, extractos que o autor guarda fora dos arquivos do blogue para impedir precisamente a sua publicação!..." Pois, como se isso fosse possível na Web e o António não o soubesse. Por isso também gostava de falar das pessoas que se assumem como inexperientes numa matéria na qual não o são.
Finalmente, caro António, se o seu problema é o imenso dinheiro que vou ganhar com o livro, aqui me disponibilizo para lhe dar um sétimo das vendas (a dividir pelos seis capítulos e introdução, deduzidas algumas custas de que podemos falar em detalhe noutro local). Terei todo o gosto em lhe passar o ínfimo cheque a que se julga com direito. Sou eu que insisto: faça as contas e não tema enviar-me a factura.
Melhores cumprimentos