19 dezembro 2008

Realmente, isto dá mau nome à investigação científica

...e aos eventos que albergam a divulgação destes dados. Felizmente, não sucede o mesmo com o "excellent" centro de estudos onde alegadamente "investigam".

O essencial está dito sobre este "trabalho" As vozes femininas na blogosfera: Um olhar sobre a realidade do Minho:
1) Vamos a um grande "supônhamos": será que devemos rever as nossas conclusões, ou, pelo menos, a forma como as comunicamos? Nah, eles não percebem nada sobre o assunto

2) Mais pontos de vista: a amostra de bloggers foi recolhida através dos links e comentários de um único blog, o que introduz aquilo que se chama viés num estudo.

Infelizmente, consegue ser pior: a tal amostra resulta da (negritos meus) "Recolha dos contactos disponibilizados online pelos autores dos 546 comentários que foram feitos em 53 posts sobre o regresso do eléctrico e nos 91 blogues apresentados nas “Avenidas do Minho” (Outubro de 2008)", com posterior "Envio de um questionário para 153 emails (comentadores/bloggers)".

Se a metodologia é duvidosa, os resultados são catastróficos, até porque no primeiro evento, várias outras pessoas levantaram dúvidas sobre como definir o sexo dos respondentes divulgado em blogue versus o seu real sexo com a agregada defesa do anonimato (se bem me lembro, as investigadoras afirmaram ir contemplar o assunto na apresentação pública seguinte).

Enfim, defendem-se agora com o "sexo declarado dos respondentes" mas essa era a difícil parte do trabalho de campo que, com as notas acima, condicionou toda a investigação e o trabalho final. Seja no Minho ou onde quiserem. Arrogantes, não quiseram mudar o rumo da investigação e apresentaram-no em público duas vezes, aparentemente da mesma forma, para "venderem" (o termo é meu) uma ideia das "vozes femininas" na blogosfera. Curiosamente e do que li, foi em blogues assinados por mulheres que surgiram mais críticas ao estudo. Nem isso as faz pensar sobre o (mau) resultado do trabalho?

Boa sorte para todas. Nos seus futuros estudos sobre género e novas tecnologias, este tipo de questões vai recolocar-se e quando forem os pares a analisar o seu trabalho, espero que não sejam tão meigos quanto as críticas nos blogues sobre esta amostra de fraca qualidade do que devia ser investigação científica.


[imagem daqui]