17 julho 2003

NOTA
contra O "depósito obrigatório" da Internet portuguesa:
- porque nem tudo o que é produzido digitalmente merece ser arquivado;
- porque quando se propuser algum depósito - e obrigatório, segundo este texto - se duvida que todos os blogs sejam ou devam ser englobados;
- porque há discursos e memórias pessoais que não devem ser arquivados por terceiros, até porque pode advir a vontade do seu autor em os modificar ou mesmo eliminar sem deixar rasto;
- porque, embora se possa aceitar o interesse de um depósito, esse registo deve depender exclusivamente da vontade do seu autor;
- porque o facto de se expressar em público não é representativo da memória colectiva e, neste caso, é "apenas uma parte do Portugal contemporâneo, uma parte muito reduzida, com acesso ao computador, socialmente muito definida, em grande parte urbana e juvenil");
- porque os erros cometidos com as edições em papel não devem ser repetidos nos textos electrónicos;
- porque o facto desse arquivo dever ser "imediato" não propicia a discussão e maturação de ideias, como se defende para a política em geral;
- porque a opção em arquivar no formato técnico actual carece de estudo em termos de possível leitura futura;
- porque, tal como o colunista exemplifica, quem tem interesse em arquivar certas temáticas o faz em privado e sem ter uma obrigação pública;
- porque um exemplo como o Contrafactos (e outros blogs) demonstra, não merece ser arquivado como memória nacional mas de um nacional;
- porque como o arquivo do Contrafactos (e de outros blogs) demonstra, está "online" e disponível publicamente e portanto existe sem qualquer depósito legal;

o Contrafactos está contra este depósito legal "obrigatório" e "imediato" e não quer nem deve ser arquivado, exceptuando pelos meios - electrónicos ou outros - escolhidos pelo seu autor.

E assim responde à questão: "Quem guarda os CD-ROM, quem guarda os discos alternativos, quem guarda os fanzines, quem guarda os panfletos políticos e a parafernália dos objectos de campanha, quem guarda os arquivos digitais, quem guarda a Internet portuguesa?"
Os interessados, diz o Contrafactos.