10 outubro 2003

VITAMEDIAS

O Abrupto volta à análise muito própria sobre jornalistas.
Porque não clarifica se fala apenas dos jornalistas da política nacional, surge esta resposta. A irritação da leitura prevaleceu e aumentou quando entidades corporativas ou alguns "bloggers" jornalistas tão rápidos a excitar-se com os textos abruptos assobiam para o lado sem nunca responderem a alguns destes disparates sistemáticos atirados sobre toda a comunicação social.
Retenho, entre outras considerações, que "a opacidade é a regra nos meios mediáticos, os menos escrutinados dos que intervêm na esfera pública".
Desculpe, PP? Há algo mais opaco do que as relações entre o poder político e económico, onde também "Favores, privilégios e cunhas são, e isso é indesmentível, o pão-nosso de cada dia"? E por isso se pode dizer que todos os políticos e empresários são corruptos ou opacos?...
Sobre as "Intencionalidades", "os políticos falam para promover a sua carreira, ou para defender o seu partido, os outros, os jornalistas em particular, falam com isenção e desprendimento político. É verdade, por regra, a primeira parte. Mas é falsa, por regra, a segunda. Por regra, porque há excepções, mas o seu caminho é difícil e nem sempre unívoco."
PP, vários jornalistas lhe responderam nos últimos anos a estas suspeições generalizadas lançadas por si mas você insiste!
Não acha que já chega de tentar impôr a visão de que os jornalistas são todos uns malandros - embora, claro, com excepções, como sempre refere; que os coitados dos políticos estão enleados num mundo mediático do qual não podem fugir, excepto você que participa nele e o desmonta semanalmente e assim se redime; que as ligações entre ambos são o maior perigo da democracia...
Por favor!!!! Mas somos todos estúpidos?
Você coloca toda a classe jornalística no mesmo balde - referindo sempre umas excepções, como se fossem uma coisa menor, insignificante, pequenininha. Mas, tal como pede que ocorra nas acusações à classe política, clarifique a porcaria das suas acusações generalistas! Escreva um livro! Faça um blogue sobre isso! Mas deixe-se dessas acusações gratuitas! Leia o texto do Terras do Nunca sobre se acusações semelhantes fossem feitas aos políticos! E não me venha com qualquer corporativismo, por favor!
Lembre os seus leitores deste seu parágrafo no Público, em 18 de Julho de 2002: "Existe ou não uma servidão partidária, um limite para quem é membro de um partido quanto ao que deve dizer ou fazer em público, para que não ponha em causa essa pertença livremente assumida? Penso que sim e que ela se deve manifestar na preocupação em escolher enunciar apenas as questões mais importantes e ter critérios de medida e comedimento na sua enunciação. Não se é menos livre nas suas opiniões por isso, mas toma-se em conta que as razões da pertença partidária representam uma opção política e ideológica que deve ser tida em conta globalmente no plano cívico".
Seja livre nesse seu "plano cívico" mas conceda que o mesmo pode não ocorrer noutras profissões.
Como jornalista, não devo ser filiado num partido e escrever sobre ele, não devo ter acções bolsistas de uma empresa sobre a qual escrevo, não devo estar filiado num clube desportivo e opinar sobre as suas prestações.
Não preciso de o lembrar das diferenças entre um jornalista com carteira profissional e um colunista com cartão partidário. São (ou deviam ser, "porque há excepções") dois mundos paralelos.
(E não há qualquer ligação para o blogue porque eu não devia ligar a estas patetices mas não resisti. Também tenho direito à indignação.)