23 abril 2004

ECOPOL


Portugal : Trente ans après
Corrupção: Infelizmente, não me lembro de um único regime, desde o fim do século XVIII, em que a corrupção, essa terrível novidade de hoje, não fosse também um «dado normal». Era um «dado normal» na Monarquia Absoluta, no Liberalismo, na República e na Ditadura. As tabernas da Ribeira, o Marrare do Polimento, o Grémio Literário, os cafés do Rossio e os discretos retiros do Estado Novo estiveram sempre cheios de patriotas com angústia: «Tudo podre, tudo podre!», diziam eles. «Francamente não sei onde isto vai parar.» «Isto» foi andando e foi parar aqui, a 2004, com o futebol «à parte» e o resto exactamente como o futebol. Um país pequeno, íntimo e pobre, com um Estado omnipotente e uma burocracia tropical, segrega corrupção. Se calhar, não funcionava sem corrupção: já alguém pensou nisso? Concordo que nos falta uma grande dose de ética protestante (não católica, por amor de Deus); e polícia e um sistema judicial decente. De qualquer maneira, não acredito que as coisas melhorassem.