Questão: Quando não se consegue debater o conteúdo, pode tentar atingir-se o autor?
Resposta: Sim, apesar deste já ter dito que não era uma questão pessoal.
Sobre um comentário a um post indignado:
Não deve, há "alguma experiência passada menos agradável, para se sentir atingido de forma tão pessoal". Repito o que já escrevi: houve um autor de um blogue colectivo que quis ser meu vigilante. Apesar de honrado pela escolha e termos trocado "emails" sobre o assunto e tendo-me eu prestado a ser cobaia duma situação dessas - ele desistiu... -, continuo a achar que é uma violação à capacidade profissional quando o mesmo não sucede noutras profissões que são muito menos vigiadas e quando nem sequer os "bloggers" estariam dispostos a serem escrutinados desta forma.
O jornalismo está muito mais vigiado e controlado (apesar de parecer que não) do que outras profissões que merecem um escrutínio igualmente semelhante. E ninguém (ou poucos) reclamam uma vigilância sobre as mesmas.
Claro que é fácil dar pontapés na cabeça de quem está no chão. Mas isso não ajuda quem está em baixo - o jornalismo - nem propicia o levantamento da qualidade do mesmo.
Há claramente um "olho salazarista" (salazarento, chamo-lhe eu), com esses fantasmas que "talvez não existam". Talvez? Talvez.
(Não percebi - e a falha é obviamente minha - de que "seja apenas uma forma de evocar um caso de que se falou há algum tempo e sobre ele levantar uma preocupação". Que caso? Que preocupação? Lamento mas não percebi e gostava de ser elucidado...)
Apesar da "marcação de jornalistas por parte de bloggers nem sequer me suscita[r] grande simpatia" (já somos dois - e já somos muitos para os poucos que se pronunciam nestas matérias), a verdade é que a proposta estava inscrita na escrita do texto original...
A preocupação "de escrutinar de perto um trabalho sensível como é a cobertura de uma campanha eleitoral" é apenas uma tentativa honesta de alertar para uma forma útil de usar os blogues, presumo eu, ao contrário do silêncio sobre o nascimento de tantos blogues nesta altura... Não duvido. Mas marcar jornalistas?!?!?!? Marcar?!? Eu sei que não o disse - e presumo quem nem o pensa, caro Manuel - mas o resultado não é ter uma estrela amarela pregada nos jornalistas?
E qual "militância"? Tomara nós que houvesse essa militância para eu não estar aqui feito parvo a defender uma classe em que poucos se identificam com a minha posição!
Como sabemos, é óbvio que "são escassos os espaços de reflexão e de debate nos media "mainstream" sobre o jornalismo que se faz. E a blogosfera, com todas as suas contradições e potencialidades, constitui uma ampliação das possibilidades de alimentar uma conversa pública que - julgo eu - contribui para a qualidade do jornalismo".
Mas, já agora, contribui mesmo? Quer dar um exemplo concreto? Três ou quatro desmentidos num ano em que são publicados milhares de artigos nos jornais (para não falar da rádio ou da TV). Contribui o tanas!! A qualidade do jornalismo continua na mesma - fraca, fraquinha, fracota... - e a decrescer. E não são os blogues - com todas as suas potencialidades e fraquezas - que a está a modificar.
Por isso, apesar de recusar esse "espírito "vigilantista"" mas ao mesmo tempo perfilhar "o escrutínio público do jornalismo - "E não só do jornalismo - também dos blogues, dos professores, dos provedores, das universidades. Afinal, não é isso, também, a democracia?", sou eu quem não percebe como é que se pode misturar vigilantismo com democracia.
E se, "Sinceramente, não percebo tanta indignação", também eu não percebo tanto interesse em vigiar os jornalistas. Não que eles não o mereçam e devam ser vigiados. Mas não é por "bloggers" que a maioria das pessoas não sabe quem são. Se é para vigiar, escrutinem-se todos. E quando todos formos vigiados e vigilantes, eis a sociedade-maravilha: o vizinho fica contente e o vizir também!
Até lá, vamos evitar o mais possível esta mania para a vigilância.