04 abril 2005

VITAMEDIAS

Sobre o pagamento do Público pela sua versão "online":
(nota: não consigo concordar com os pontos de vista propostos mas não os vou discutir em detalhe. Fico com estas grandes dúvidas:
- porque não se ouvem vozes a reclamar que o Público em papel seja distribuído gratuitamente nas ruas?
- ou a influência do jornal, esse seu valor intangível - seja lá o que isso signifique - só existe na blogosfera?
- o que perdeu o Expresso por passar a ser pago no formato digital?
Dúvidas, só dúvidas...)


Público em linha pago: O Público irá desaparecer das ligações quotidianas da blogosfera e de outro tipo de páginas da rede e ficará apenas dependente do mecanismo de citação da comunicação social tradicional. Ou seja, perde a rede, local de influência, perde valor em sectores cada vez mais significativos da opinião e que têm um efeito multiplicador único para um jornal que se pretende "de referência".

público em contra-mão

Leitor-pagador: Tenho dúvidas sobre as vantagens desta solução radical. O jornal vai seguramente angariar muitas assinaturas electrónicas, mas a maior parte delas com sacrifício da compra da edição impressa (salvo no estrangeiro). E perderá seguramente os efeitos colaterais positivos das citações e hiperligações electrónicas, por exemplo dos blogues, onde o jornal levava a dianteira entre nós.
Teremos um dia somente a edição electrónica dos jornais?

Conteúdos pagos: Tenho pena que tenha optado por este caminho. Acredito mesmo que venha a ter uma grande surpresa em relação às audiências e às vantagens económicas a ganhar com esta decisão.

Perder e ganhar, a montante a jusante: Os grandes consumidores de jornais que consultam edições online não deixam de comprar as edições impressas por lerem edições electrónicas. Por sua vez, aqueles que apenas costumam aceder a edições online muito provavelmente não passarão a comprar edições impressas (nem estarão dispostos a pagar as edições online, tanto mais que existem alternativas que não são pagas, pelo que «emigrarão» para outras publicações online).
Inevitavelmente, o Público perderá uma parte significativa da sua capacidade de «spill-over». Esta redução implicará, seguramente, menos leitores e, indirectamente, o jornal tornar-se-á menos interessante para eventuais colaboradores.

Àparte mas a propósito: Can Justice Scalia Solve the Riddles Of the Internet?: Without profit even the digital world will break down. [...]
The Web isn't just a technology; it's become an ideology. The Web's birth as a "free" medium and the downloading ethic have engendered the belief that culture--songs, movies, fiction, journalism, photography--should be clickable into the public domain, for "everyone."
What a weird ethic
. Some who will spend hundreds of dollars for iPods and home theater systems won't pay one thin dime for a song or movie. So Steve Jobs and the Silicon Valley geeks get richer while the new-music artists sweating through three sets in dim clubs get to live on Red Bull. Where's the justice in that?