O texto dos jornais (a propósito deste "Ler"): Se os leitores deixam de ler jornais é apenas por duas razões: ou as notícias já não são interessantes (e isso nota-se nos primeiros quinze segundos de leitura), porque os jornais devido aos cortes de investimento acabam por ser meras caixas de ressonância das fontes oficiais ou «repetidores de telejornais»; ou a estratégia de encurtar textos (que já vem de longe) leva a que os jornalistas não consigam sequer dar algum valor acrescentado à notícia.
Aliás, não deixa de ser curioso (e suicida, a prazo) que o encurtamento dos textos dos artigos se fez simultaneamente ao alongamento dos títulos, a tal ponto que está toda a informação essencial no título (e/ou no lead) não sendo necessário ler o artigo (ainda há-de surgir o dia de um jornal apenas com títulos). Daqui advém, do ponto de vista comercial, um perigo: o tempo que o leitor demora a passar de uma página para outra, cada vez mais encurta, o que também «encurta» o tempo de exposição da publicidade aos olhos do leitor. Quando os anunciantes repararem neste efeito, não ficarão satisfeitos com o investimento. [...]
Para terminar, sinceramente acho que os «técnicos da edição» apenas reagirão, não quando as queixas dos leitores se avolumarem, mas quando os anunciantes (que pagam o jornal) começarem a desinvestir ainda mais. Só nessa altura, em que os jornais de referência estarão iguais aos gratuitos, os «técnicos da edição» acordarão.