21 setembro 2006

ECOPOL

Porquê dizer isto agora?
Comitivas faraónicas: Eu também não compreendo e, sobretudo, não me conformo, com o gasto de dinheiros públicos, a parolice e falta de profissionalismo das enormes comitivas que é usual acompanharem os PRs e PMs portugueses em visitas de Estado, oficiais e outras que tais ao estrangeiro.
Não são só os ministros - são amigos, conhecidos, empresários, desportistas, artistas, intelectuais, deputados, políticos, equilibristas etc..., que - além das comitivas técnicas (do cabeleireiro para as Senhoras, ao médicos, dos seguranças e aos responsáveis pelas bagagens...) - não vão, em regra, realmente fazer nada de útil e com consequências. Servem talvez para habilitar o PR ou PM do momento a pagar facturas diversas (incluindo de apoio eleitoral)... Ah, e para dar dores de cabeça ao Protocolo de Estado, que não tem - nunca teve e hoje ainda menos - pessoal suficiente para enquadrar o grupo excursionista.
E o pior é a imagem pacóvia e a atitude abusiva que assim se projecta do país.
Sei do que falo. Trabalhei em Belém e participei na organização de dezenas de visitas presidenciais em Portugal e ao estrangeiro.

Quando se fez isto?
Com Arafat, perdendo Rabin: Passamos o resto da manhã a calcorrear as fascinantes ruelas do bairro árabe, onde se misturam os cheiros das especiarias. De tarde visitamos Belém (curva-te para entrar na pequena porta da Igreja da Natividade) e Hebron (os putos de kippa na cabeça e Uzi na mão, ocupantes de uma casa perto do túmulo de Abraão, em jeito mole e desafiador calcorreiam a rua, dificultando o passo a palestinos apressados para as orações na mesquita).
Não me lembro onde almoçamos, mas não implicou «trabalho» - o essencial tinha tido lugar na véspera, na visita que o Secretário de Estado para os Assuntos Europeus Seixas da Costa fizera à «Orient House» (com especial empenho, depois de termos resistido a indecorosas pressões dos israelitas para que lá não fossemos). Eu estava ali por ser chefe de gabinete do Xico (ia lá perder uma visita de Estado a Israel e à Palestina, de onde tinha tão marcantes recordações, da equipa da presidência portuguesa em 92, no inicio do Processo de Paz, brilhantemente chefiada por Leonardo Mathias).