03 outubro 2006

ECOPOL

Mas eles entendem-se ou é isto a independência de poderes?
Rejeição: Num momento em que muitas das administrações dos países se converteram mais em agências de competitividade internacional dos grandes interesses económicos do que em executivos capazes de projectar e executar a Constituição e os direitos votados no Parlamento ou nos fóruns internacionais, a manutenção de um tal sistema judiciário ? mesmo que relativamente ineficaz e demorado, como é, na verdade, o nosso ? constitui-se, pela sua autonomia, como um obstáculo intransponível à violação livre de toda a ordem de direitos humanos e sociais e em espelho que reflecte más consciências e piores comportamentos legais e políticos. [...]
No entanto, talvez que o ensinamento que melhor possamos retirar do que Halimi ali expõe se contenha numa afirmação de Noam Chomsky que, perguntado como é que a elite controla os media, terá respondido: «Como controla ela a General Motors? A questão não se coloca. Ela pertence-lhe.»
Mas, se esta é, porventura, a explicação mais óbvia e cruel para o panorama do condicionante e agressivo discurso monolítico que os media de hoje e os seus donos nos querem impor, importa, precisamente, encontrar para ele uma resposta. Esta terá de traduzir-se numa atitude cívica e moral de reflexão, crítica, abertura e discussão ampla e socialmente participadas sobre a Justiça, as magistraturas e as suas dificuldades e omissões, não cedendo, em caso algum, às falsas lisonjas ou permitindo a submissão e o medo a que nos querem obrigar.

Sindicato de magistrados compara directores de jornais a "cães de guarda": António José Teixeira caracteriza o editorial como uma demonstração de "intolerância" e sustenta que quem o escreveu "vive no temor da grande conspiração internacional" e revela uma "natureza antidemocrática", confundido opinião livre com campanha e diatribes. O director do DN lembra que a Justiça e os que nela intervêm "não estão acima da crítica dos cidadãos".
[Correcção: diz o DN: "O sindicato lembra que já num seu ensaio Paul Nizan caracterizava a comunicação social do seu país [França] como "Os novos cães de guarda"." Errado, quem o faz e é explícito no comunicado do SMMP é Serge Halimi, renovando o termo de "cães de guarda" de Nizan.]

Souto Moura diz que vai manter-se em silêncio: "Há um tempo para não dizer mais nada, é este", disse, à saída da audiência de 45 minutos com Cavaco Silva, no Palácio de Belém, em Lisboa.

Souto Moura diz que devia ter contratado centenas de assessores de imprensa e de imagem: A uma semana da sucessão, o ainda procurador-geral da República parece aliviado e ontem, na Universidade do Minho, em Braga, ironizou, quando lhe perguntaram o que teria feito e não fez: "Contrataria 200 assessores de imagem e 300 assessores de imprensa."

Pois, é apenas ironia , mas: As agências não são tão eficazes como o professor Carrilho prometeu: A missão das empresas de comunicação é passar uma imagem do cliente que, sendo verdadeira, vai minorar ou mesmo omitir os aspectos que possam ser desagradáveis para o cliente e a sua imagem pública. E os jornalistas têm como missão relatar quer os factos convenientes, quer os inconvenientes. Há aqui uma zona de conflito de interesses.
Eu não espero, nem os meus clientes esperam, aliás ninguém espera, que a comunicação social retrate com fidelidade e de uma maneira positiva nada. A comunicação social é conhecida pelos seus atributos de negativismo, de oposição, digamos. Ninguém está à espera de que a comunicação social seja dócil.