11 dezembro 2006

VITAMEDIAS

Ainda sobre a decisão da ERC (Alguém me envia uma ligação para qualquer texto a defender a decisão da ERC? Não descobri nenhum e é falha minha, concerteza):
Textos de Pacheco Pereira, Estrela Serrano, Eduardo Cintra Torres e Francisco Rui Cádima


Correio da Causa: Eduardo Cintra Torres contra a ERC


A ERC. Preocupante: Não me tenho pronunciado sobre a ERC, porque acho que só vale a pena fazê-lo quando se perceber uma linha de pensamento. Infelizmente está a perceber-se e não é das mais agradáveis. A sua recomendação, no pormenor em apreço, é uma jurisprudência perigosa se alguém a levar a sério.

ERC: Os problemas ou conflitos precisam de ser geridos, mas com argumentos e raciocínios frios, sem respostas à flor da pele. É que se um jornal e uma entidade reguladora - ambos sendo das entidades mais respeitáveis no país - se envolvem em querelas, quem equilibra ou chama a atenção para o serenar e discutir seriamente os problemas?

O que se diz ao dizer "regulação"? Vale a pena seguir à letra, página a página, a recente deliberação da ERC. Está na ténue linha de fronteira entre aquelas teses académicas inúteis (acerca da função dos géneros na contaminação fractal das gáveas) e a ostensão do peso almofadado como forma de zelo administrativo. Para além da óbvia vontade incriminatória e ficcional que respira, é sobretudo esse posicionamento barroco e árido que me intriga e que melhor reflecte uma certa intemporalidade portuguesa.

ERC: "Braço armado de uma maioria"


Quem regula a ERC?

O que nasce torto...: Que tal um flashback?

Hoje os jornalistas, amanhã nós

Censura e estupidez: o que ressalta é esse vício moralizador do censor, é o extravazar de competência, a elaboração de juízos de valor sem pressupostos universais e fundados. Ressalta enfim uma grande estupidez e uma clara manipulação dos próprios factos observados, atributos maiores dos censores em qualquer tempo e modo, v.g. análise dos conteúdos dos telejornais em relação aos fogos florestais que revela em absoluto um tratamento muito desigual dos canais públicos face aos privados e que a tal entidade considera isento e normal.

A vergonha: Os referidos textos [da ERC] revelam uma mentalidade persecutória, um espírito tacanho e mesquinho, uma subserviência ao poder e ao politicamente correcto. Esses textos marcam a verdadeira natureza daquele orgão, desnecessário, arrogante, presunçoso e, acima de tudo, profundamente manipulável e obediente. Era difícil fazer pior. Os quatro conselheiros que votaram favoravelmente o texto revelaram a sua verdadeira face - e não é bonita de se ver.

ERC não reconhece como verdadeiras acusações de ingerência na RTP

Publicação no jornal Público da Recomendação 7/2006: Com o presente comunicado, e no que lhe toca, o Conselho Regulador dá por encerrado este "diálogo", tão picaresco como pouco edificante.


Em tempo: a word to the wise: esta peça passou, passou e tornou a passar. não me consta que a entidade reguladora para a comunicação social tenha mandado tirá-la do ar ou sequer enviado uma recomendação. o mesmo vale para o conselho deontológico do sindicato dos jornalistas. o mesmo vale para a comissão da carteira profissional (é de crer que a senhora que fez a reportagem tenha uma, se calhar em dia e tudo).

E pode também ter passado despercebida mas esta nota à imprensa sobre os "Projectos a realizar pela ERC incluídos nas suas competências regulatórias" (alguns dos quais já começaram em Outubro...) antecipa o que vai ser feito pela ERC "nos próximos meses" e inclui o "chamado caso 'Manuel Maria Carrilho'", bem como a "monitorização" de "conteúdos informativos da televisão, da imprensa e da rádio".


[act.: Uma opinião positiva para a decisão da ERC (obrigado, Gabriel): Chamuscados nas labaredas da informação: "a ERC desfere um duro ataque ao crítico Eduardo Cinta Torres", "A RTP ganha claramente este processo", "A ERC também sai bem do processo".
(A propósito das posições do autor sobre a ERC, ler também o texto anterior "Quem mais jura...": O que se exige à ERC é a análise de factos e que faça cumprir a lei e, por isso, saúda-se a decisão de punir a SIC. Mas dispensam-se os moralismos e o papel de grande educador do povo. Alguém lhes encomendou o sermão?)

A ler também: Perguntas (com algumas respostas de, alegadamente, José Manuel Fernandes)]