31 março 2007

Sócrates, Lewinsky, Público... e Expresso

O Expresso de hoje traz uma "cacha" na primeira página: UnI emitiu diploma de Sócrates num domingo.

O blogue Do Portugal Profundo, que providenciou a base factual para as "investigações" jornalísticas sobre este assunto, já explicou como a "cacha" foi obtida e como se presta ao labor dos jornalistas, colocando até os seus textos sob embargo a "pedido" de jornalistas quando a "cacha" está nos seus comentários. Depois queixa-se:

"Este post foi escrito no dia 27-3-2007 e mantido sob embargo até ontem à tarde, a pedido das jornalistas do Expresso Mónica Contreras e Rosa Pedroso Lima a quem, nesse próprio dia, facultei esta informação (a licenciatura ao domingo, descoberta pelo nosso comentador Irnério...) e o Dossier Sócrates. Do Portugal Profundo cumpre sempre os seus compromissos.
O Expresso de hoje (link limitado), 31-3-2007 - pp. 10 e 11 e comentários nas pp. 2, 3, 9 e 12 -, usa informações do Dossier Sócrates Do Portugal Profundo, sem indicação da fonte. O blogue Do Portugal Profundo (muito menos o seu URL) não é mencionado em qualquer dessas peças, cuja informação inédita de base aqui foi publicada - o mesmo já se tinha passado, aliás, na semana passada. Não creio que a responsabilidade da omissão pertença às duas jornalistas".

Duas notas, uma rápida e outra menos:
- a data de 8 de Setembro de 1996 já era referida no texto do Público de 22 de Março mas sem que o autor tivesse reparado no pormenor de que se tratava de um domingo. A descoberta do pormenor não é displiciente...;

- Nicolau Santos, director adjunto do Expresso, escreveu sobre o artigo do Público num texto intitulado "Sócrates, Lewinsky e o 'Público'". Nele dizia (a ler tudo para não haver descontextualização): "Mas é claro que as quatro páginas que o 'Público' dá a um assunto onde não tira nenhuma conclusão taxativa, género «Sócrates não é licenciado e comprou o diploma», deixam mossa e dão guarida às insinuações que, com base ou não, proliferam na blogosfera.
É um jornalismo perigoso aquele que o 'Público' prossegue, porque parece que só dá guarida à blogosfera quando os alvos são pessoas mediaticamente expostas e com quem tem algum diferendo (caso de Miguel Sousa Tavares que, por acaso, tinha deixado de ser colunista do 'Público', transferindo-se para o Expresso) ou o primeiro-ministro (que não é um dos amores do director do 'Público'). Veremos qual será a posição do jornal em próximas insinuações blogosféricas.
Estas quatro páginas cheiram demasiado ao «affaire» Lewinsky, que condicionaram a actuação e quase levaram à demissão do melhor presidente dos Estados Unidos dos últimos 30 anos. Verdadeiramente não há nada de muito relevante para o exercício do cargo de primeiro-ministro, mas verdadeiramente parece que há qualquer coisa que não bate certo. E, perante isto, o 'Público' dá espaço e mais espaço a algo sobre o qual não consegue tirar nenhuma conclusão definitiva. Como com Clinton, o objectivo final é condicionar e limitar a actuação do primeiro-ministro por razões que nada têm a ver com a actuação política do primeiro-ministro.
Este jornalismo não honra o seu primeiro director, Vicente Jorge Silva, nem todos aqueles que de algum modo contribuíram para fazer do 'Público' um jornal de referência."

E, agora, este jornalismo honra o Expresso e aqueles que fazem do semanário um jornal de referência, tanto mais que na semana passada já davam conta do caso?
Não há aqui um "condicionar e limitar a actuação do primeiro-ministro"?

E este não é "um jornalismo perigoso" [...] "porque parece que só dá guarida à blogosfera quando os alvos são pessoas mediaticamente expostas e com quem tem algum diferendo" [...].

"Veremos qual será a posição do jornal em próximas insinuações blogosféricas".
Pois...


[act.: José Manuel Fernandes no Público também se referiu ao assunto (Ligação via), tal como o Bloguítica]