Jornalista recorre contra José Sócrates
O tribunal dá como provado que as afirmações de Sócrates "são atentatórias da honra e consideração" do jornalista e afectam a sua "credibilidade junto da opinião pública", além de terem tido repercussões sobre a sua carreira profissional. Dá-se ainda como provado que, ao longo de seis anos de desempenho de cargos governamentais, José Sócrates sempre foi visado como um político "sério, honesto e dedicado à causa pública e nunca ninguém o denegriu, como fez o autor".
A sentença esteve a cargo de um juiz diferente do que acompanhou as audiências. Apesar de a decisão dizer que as notícias publicadas "foram todas devidamente documentadas", sustenta que o jornalista resvalou para "conclusões pessoais, com comentários que objectivamente atingiam o réu" numa reacção que escreveu no dia 21, quando foi publicada a carta de Sócrates. Por isso, o tribunal considera ilegítimo que o jornalista venha pedir uma compensação pelas palavras de Sócrates, "quando retorquiu de imediato, em resposta publicada na mesma edição, em termos que não podem deixar de se considerar igualmente ofensivos da honra do réu".
José António Cerejo tem um entendimento diferente e vai recorrer da sentença. "A decisão do juiz faz tábua rasa da esmagadora maioria dos factos dados como provados em tribunal e que confirmam os danos de natureza profissional que me foram causados pelo réu", alega o jornalista.
[act.: Conselho Deontológico contesta decisão do Supremo Tribunal: O Conselho Deontológico (CD) do Sindicato dos Jornalistas considera inaceitável a tese do Supremo Tribunal de Justiça de que é irrelevante que os factos reportados por jornalistas sejam verdadeiros ou falsos, desde que sejam susceptíveis de afectar a reputação de alguém. ]