Alguns provedores, editores ou jornalistas descobriram agora o que o Governo anda a preparar para o controlo do jornalismo há uns anos, desde a sua tomada de posse. De repente, são MIL (ainda não são tantos mas para lá caminham...), e são sempre os mesmos desde que haja um nome sonante à frente da coisa.
Assumem-se como um "grupo de jornalistas" "constatando que se encontra em marcha o mais violento ataque à liberdade de Imprensa em 33 anos de democracia" e que "decidiu juntar a sua voz à de todos os cidadãos e entidades que se têm pronunciado sobre a matéria e manifestam publicamente o seu repúdio por todo o edifício jurídico aprovado pela Assembleia da República".
Mas juntam a voz a quem? Importam-se de repetir e dar casos concretos dos cidadãos e entidades? E a que "edifício jurídico" se estão a referir? Não era bom clarificar as coisas para sabermos do que estamos a falar para qualquer jornalista ou cidadão poder aderir em consciência ao MIL?
O Sindicato dos Jornalistas, não vá perder a pedalada perante movimentos independentes (o termo é meu), acelera e acelera e acelera.
Joaquim Vieira coloca as coisas nuns devidos termos: "Foi preciso que o parlamento (ou melhor, o PS) aprovasse na generalidade o novo Estatuto do Jornalista, quase dois anos após o projecto governamental ter vindo a público, para que os profissionais começassem finalmente a organizar-se para o contestarem na sua essência, a de um perigoso ataque ao direito constitucional da liberdade de expressão e informação (e não nas questões meramente corporativas antes suscitadas pelo Sindicato), ataque esse que, em articulação com outras medidas em curso no mesmo sentido, sugere a existência de uma ofensiva para asfixiar o jornalismo livre. O Movimento Informação é Liberdade tem coisas criticáveis, como uma indefinida, inexplicada e não fundamentada promessa de auto-regulação, além de uma outra de «controlo» (?) do acesso à profissão e do seu exercício, mas é bom que exista e que alerte para o que se está a passar. Só se espera que o Presidente da República venha a ser sensível a este grave problema".
Este "grave problema" faz-me lembrar a eterna (desde a adesão à CEE) luta dos agricultores que criticam o ministério e a sempiterna escassez dos fundos comunitários. O ministro diz qualquer coisa como "atão saiam da União Europeia". Os agricultores continuam montados nos seus jipes.
A lista de jornalistas apoiantes é como a lista dos agricultores: chegam tarde - muito tarde - à discussão finalizada, apresentam nada excepto o seu nome, mas querem estar presentes na manifestação em que todos vão atirar uns inócuos tomates. Claro que nessa altura é tarde demais - já é, não será?
Era bom que explicassem para onde querem ir. Por exemplo, quem dos MIL assinantes poderá agora entrevistar qualquer dos governantes da área da comunicação social sem assumir ser do MIL? Por exemplo...