29 setembro 2009

O que ficámos a saber pela declaração do Presidente da República?



O que ficámos realmente a saber pela “Declaração do Presidente da República”?

Que, “a título excepcional”, o PR fez uma comunicação ao País com a sua “interpretação dos factos” e “leitura pessoal” de declarações de políticos.

Que o PR contabilizou a produção de “declarações e notícias sobre escutas”. Foram “dezenas” mas “não existe em nenhuma declaração ou escrito do Presidente qualquer referência a escutas ou a algo com significado semelhante”.

Que sobre o assunto o PR apenas produziu “uma declaração durante uma visita à aldeia de Querença, no concelho de Loulé, no dia 28 de Agosto” mas que nunca a ele se referiu “directa ou indirectamente”.

Que na Presidência da República, só falam o PR ou os chefes das casas Civil ou Militar mas que ela “é um órgão unipessoal e que, sobre as suas posições, só o Presidente se pronuncia”.

Que ninguém falou em nome do PR, apesar do “e-mail publicado” poder deixar essa “dúvida na opinião pública”, razão pela qual - “e só por isso” – procedeu “a alterações na minha Casa Civil”.

Que todo este episódio não se tratou de inventona - inventona... - mas de “manipulação”.

Que o PR trabalhou “durante o mês de Agosto”, na sua “casa no Algarve”, dedicando "boa parte do meu tempo à análise dos diplomas que tinha levado comigo para efeitos de promulgação”.

Que “destacadas personalidades do partido do Governo” fizeram “um tipo de ultimato” e exigiram-lhe “que interrompesse as férias” em que promulgava diplomas para “falar sobre a participação de membros da sua casa civil na elaboração do programa do PSD” – uma “mentira” que não tinha sido criticada a anteriores presidentes e não havendo limitações na “liberdade cívica” de o fazer, “incluindo contactos com os partidos a que pertenciam”.

Que essa “mentira” podia incluir “interrogações que qualquer cidadão pode fazer sobre como é que aqueles políticos sabiam dos passos dados por membros da Casa Civil” da PR, “incluindo” as “atribuídas a um membro” da Casa Civil, “de que não tive conhecimento prévio” mas sobre as quais tem “algumas dúvidas quanto aos termos exactos em que possam ter sido produzidas”.

Que se pretendia “puxar” o PR - “particularmente rigoroso na isenção em relação a todas as forças partidárias” - “para a luta político-partidária, encostando-o ao PSD”, e assim “desviar as atenções do debate eleitoral das questões que realmente preocupavam os cidadãos”.

Que o “e-mail, velho de 17 meses, trocado entre jornalistas”, era “sobre um assessor do gabinete do Primeiro-Ministro”.

Que “desconhecia totalmente a existência e o conteúdo do referido e-mail” (o que é natural…) mas que “pessoalmente” tem “sérias dúvidas quanto à veracidade das afirmações nele contidas” - embora isso não o impeça de ter interrogações sobre o mesmo, como porque foi publicado “a uma semana do acto eleitoral, quando já passaram 17 meses”?

Que “ligou imediatamente a publicação do e-mail aos objectivos visados pelas declarações produzidas em meados de Agosto”: puxar o PR para a luta político-partidária e desviar as atenções do debate eleitoral.

Que não descortina “o crime de um cidadão, mesmo que seja membro do staff da casa civil do Presidente, ter sentimentos de desconfiança ou de outra natureza em relação a atitudes de outras pessoas”.

Que se questionou agora se “será possível alguém do exterior entrar no meu computador e conhecer os meus e-mails? Estará a informação confidencial contida nos computadores da Presidência da República suficientemente protegida?

Que apenas hoje, ao fim de anos no cargo e da – muito provável - inúmera troca de correspondência electrónica sensível em termos de segurança do Estado, ouviu “várias entidades com responsabilidades na área da segurança” para ficar “a saber que existem vulnerabilidades”.

Que, realmente, um PR “tem, às vezes, que enfrentar problemas bem difíceis”…