Culturas, economia e política, tecnologia e impactos sociais, media, contaminantes sociais, coisas estranhas... Cultures, economy and politics, technology and social impacts, media, social contamination, weird stuff...
30 abril 2010
Intifada de Carlos No
A ping-pong table divided by a brick wall by Portuguese artist Carlos No is on show at the Raiano Cultural Centre in Idanha-a-Nova, Portugal.
12 em 309 milhões
All numbers estimated based upon statistical and demographic data from US Census Bureau. For entertainment purposes only.
29 abril 2010
A corrupção é uma coisa gira - nas mãos dos juízes
Isto é corrupção:
1º) Um juiz recebe uma quantia em dinheiro para decidir em determinado sentido, num processo que lhe foi distribuído.
2º) Um juiz recebe uma quantia em dinheiro para esconder por 30 dias um processo, que se encontra distribuído a um colega, com quem partilha o mesmo gabinete, uma vez que, se não houvesse decisão no prazo de uma semana, o procedimento criminal respectivo prescreveria.
Isto não é corrupção, apesar dos ilícitos:
3º) Um juiz recebe uma quantia em dinheiro para ajudar um advogado a fazer uma motivação de recurso, num processo em que não tem qualquer intervenção, como juiz, e para defender publicamente, na televisão, uma determinada solução jurídica para o caso.
4º) Um juiz recebe uma quantia em dinheiro para ir prestar falso testemunho no julgamento de um processo em que não tem qualquer intervenção como juiz.
D'O acórdão que absolveu Domingos Névoa, disponível aqui na íntegra.
1º) Um juiz recebe uma quantia em dinheiro para decidir em determinado sentido, num processo que lhe foi distribuído.
2º) Um juiz recebe uma quantia em dinheiro para esconder por 30 dias um processo, que se encontra distribuído a um colega, com quem partilha o mesmo gabinete, uma vez que, se não houvesse decisão no prazo de uma semana, o procedimento criminal respectivo prescreveria.
Isto não é corrupção, apesar dos ilícitos:
3º) Um juiz recebe uma quantia em dinheiro para ajudar um advogado a fazer uma motivação de recurso, num processo em que não tem qualquer intervenção, como juiz, e para defender publicamente, na televisão, uma determinada solução jurídica para o caso.
4º) Um juiz recebe uma quantia em dinheiro para ir prestar falso testemunho no julgamento de um processo em que não tem qualquer intervenção como juiz.
D'O acórdão que absolveu Domingos Névoa, disponível aqui na íntegra.
Impacto visual de um vulcão nos aviões no centro e norte da Europa
A visualisation of the northern European airspace returning to use after being closed due to volcanic ash.
Continência ao PowerPoint
We Have Met the Enemy and He Is PowerPoint: Like an insurgency, PowerPoint has crept into the daily lives of military commanders and reached the level of near obsession. The amount of time expended on PowerPoint, the Microsoft presentation program of computer-generated charts, graphs and bullet points, has made it a running joke in the Pentagon and in Iraq and Afghanistan.
PowerPoint Is Evil, Redux: I've said it before, and I'll say it again: PowerPoint has consumed the best years of too many young lives. [...] PowerPoint is fundamentally flawed because it intrinsically isn't suited to the tasks it is put to.
(Obrigado, Victor)
PowerPoint Is Evil, Redux: I've said it before, and I'll say it again: PowerPoint has consumed the best years of too many young lives. [...] PowerPoint is fundamentally flawed because it intrinsically isn't suited to the tasks it is put to.
(Obrigado, Victor)
26 abril 2010
23 abril 2010
No Dia Internacional do Livro, José Afonso Furtado em entrevista
Licenciado em Filosofia, o autor de “O Papel e o Pixel: Do Impresso ao Digital” (2007) é director da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian e docente no curso de Edição – Livros e Novos Suportes Digitais, na Universidade Católica.
P - Como analisa a evolução dos leitores de livros electrónicos (e-readers) nos últimos anos - são aparelhos que tendem a substituir os livros em papel ou ainda se está longe desse cenário?
R - Julgo que a evolução mais significativa consistiu no aparecimento de dispositivos utilizando as tecnologias e-paper e e-ink. É isso que marca o início da segunda geração de e-readers, depois do fracasso das primeiras tentativas em 1998/9 com o aparecimento do Rocket eBook e outros aparelhos que se lhe seguiram. Contudo, se resolveram algumas questões referentes à qualidade da tecnologia e ergonomia, continuam a subsistir uma série de questões que não facilitam a criação de um mercado expressivo (com excepção de segmentos muitos específicos, baseados em «chunked content»). Muito resumidamente: ausência de standards e portanto de soluções de interoperabilidade e compatibilidade; uma filosofia de lock-in baseada em formatos proprietários (o caso do Kindle é exemplar); insistência em mecanismos de DRM [gestão de direitos digitais] e, mais ainda, proprietários, dificultando duplamente a circulação das obras; necessidade de suporte para metadados desenvolvidos: por exemplo, o EPUB 2.0.1 não prevê soluções para articulação com standards como ONIX; ferramentas de navegação e de interactividade muito rudimentares; ausência de mecanismos que permitam conservar e reutilizar (de modo independente da obra ou não) o resultado das acções de um utilizador sobre um texto (bookmarks, anotações…); incapacidade de suportar workflow em que uma especificação como o PRISM (Publishing Requirements for Industry Standard Metadata), utilizado pela indústria das publicações periódicas para intercâmbio e arquivo de conteúdo digital ao nível da sua unidade nuclear, o artigo; carência de um suporte específico para os elementos paratextuais ligados aos textos base; por fim, como refere Joaquín Rodríguez, a resolução de algumas destas questões arrisca-se a acontecer no âmbito de linguagens e plataformas proprietárias, de integração vertical entre conteúdos, plataforma de distribuição e dispositivo de leitura, da dissolução progressiva do conceito de propriedade e de gestão da nossa memória colectiva. Mas o meu ponto principal é a dúvida persistente se, ao invés, em vez de uma solução de substituição do impresso pelo digital, não caminhamos antes para uma tendência de Gestão de Conteúdos Digitais que possibilitam estratégias de edição cross-platform e cross channel, em que o leitor decide o conteúdo a consumir e em que canal e suporte, adequada a uma época que se pode caracterizar como de “lean consumption”.
P - Acredita que estes e-readers - como dispositivo autónomo - têm futuro comercial quando surgem aparelhos como o iPad e similares (incluindo telemóveis) que integram funções de leitura electrónica de livros e oferecem ainda mais aplicações e funcionalidades?
R - Tendo a pensar que estes dispositivos dedicados poderão encontrar o seu nicho de mercado (no pressuposto de ecrãs e-paper) pois apresentam vantagens em termos de resolução e contraste e encontram-se na continuidade de uma experiência de leitura herdeira da cultura do impresso. Mas, por outro lado, este segmento poderá ter maior dificuldade em encontrar soluções para alguns dos problemas que referi acima e, sobretudo, têm sido adquiridos, segundo os dados de que disponho, pelas camadas da população usualmente classificadas como geração Baby Boomer (portanto com idades superiores a 45 anos), justamente a que tem hábitos de leitura mais fortes, maior formação escolar, maior capacidade económica e, sobretudo, que se habituou a ler em papel.
Creio que as práticas das gerações mais novas se afastam desse modelo, o que terá certamente a ver com novas configurações que surgem, neste momento de mudança de paradigma, a nível social, económico e cultural. Para Zygmunt Bauman a sociedade actual pode ser definida como uma sociedade de consumidores, já específica de um novo momento da modernidade, que designa como fase líquida. Como tenho salientado, este consumismo líquido, que engloba a velocidade, o excesso e o desperdício, caracteriza-se antes de mais por uma nova relação com o tempo, fenómeno que tem sido salientado, entre outros, por Manuel Castells, para quem vivemos uma época de aceleração da temporalidade, em que valores como a simultaneidade, a sensação do imediato, a mistura de tempos no mesmo canal de comunicação, cria uma colagem temporal ou, de outro modo, uma espécie de eterno presente que tende a elidir a história. Essa elisão da história é o contexto privilegiado de uma sociedade de hiperconsumo (o termo é de Gilles Lipovetsky), em que se salientam fenómenos como o êxtase (depressivo) da novidade perpétua, a febre do tempo curto, o zapping visual como correlato da saturação de mensagens, uma bulimia despreocupada, uma oscilação paradoxal entre a hipersensibilidade e a total insensibilidade.
Significa isto que se continua a agir segundo a lógica dos mercados de massas num momento em que emergem mercados de nicho e de subnicho, fenómenos de fragmentação generalizada, a disseminação de microculturas e novos modelos de leitor/consumidor. E como sempre, esta transição é particularmente complexa, pois o novo paradigma não substitui sem mais o anterior mas antes convive e articula-se com ele, pelo que não se pode já falar de um só mercado mas de múltiplos mercados, que tentarão dar resposta a configurações de «tribos», efémeras, voláteis, menos aglutinadas pela proximidade física e mais pela partilha de interesses.
Nesta perspectiva, creio que os aparelhos multifunção correspondem de modo mais adequado (para o melhor e para pior) ao ambiente social e cultural em que já vivemos. E, nesse sentido, alterar radicalmente aquilo que constituía o nosso legado de uma história longa do livro e que foi mencionado há bem pouco por Clément Laberge: os jovens já não compram um suporte para ler livros, compram livros que possam ler num suporte.
P - Com as novas propostas de ecrãs electrónicos maleáveis e até pequenos equipamentos de projecção 3D, consegue antecipar qual será o tipo de leitor electrónico que melhor pode servir as necessidades da população leitora em geral?
R - Da minha resposta anterior, pode deduzir-se que não creio que haja já uma população leitora em geral. A tendência é para a compra de fragmentos (chunks) de informação. O conteúdo tente a tornar-se cada vez mais discreto e os utilizadores querem apenas a informação de que necessitam, numa filosofia de acesso cada vez mais rápido e cada vez mais permanente e de qualquer local e não bits desnecessários (o que corresponde a um modelo de crescente mobilidade social quer em termos de profissionais quer no modo como vivem o quotidiano). No fundo, lidamos cada vez mais com conteúdo desagregável, granular, o que permite ao consumidor final adquirir apenas parte de um livro ou uma música de um disco (modelo iPod).
Obviamente que, mesmo neste cenário, haverá diversos tipos de leitores e diversos tipos de leitura. E, naturalmente, atributos tecnológicos poderosos em alguns domínios podem representar debilidades noutros O que pode ser interessante na estratégia de gestão de conteúdos digitais, ágeis, baseados em formatos neutros numa perspectiva «Media Neutral In – Media Neutral Out», é justamente a capacidade dos produtores de conteúdos deixarem de pensar na edição como um fenómeno único e passar a trabalhar com nichos de mercado, adequando-se a um leitor volátil, e fornecendo a informação requerida no suporte adequado.
P - Quais são as vantagens do livro em papel perante o formato electrónico?
Todas as características que ao longo de quase cinco séculos o transformaram num objecto perfeito para os seus fins: ainda há bem pouco o insuspeito Terje Hillesund escrevia que «there are two major challenges for long–form text transference. The first is to replicate conditions for continuous imaginary reading, and the second to create favourable conditions for sustained reflective reading. Whatever the solutions, digital text will under no circumstances be the same as printed text and, in relation to reading experiences; it will never be more than a question of proximity».
Antes de mais, deve sublinhar-se a emergência de uma realidade absolutamente nova e da maior importância para a nossa relação com os livros. Na verdade, apenas com os textos digitais os livros se deparam, pela primeira vez, com questões que sempre foram familiares para os editores de música e de vídeo. Ora, a mediação tecnológica é basicamente estranha ao mundo do livro: na nossa tradição cultural, o livro é um objecto persistente, imediatamente visível, folheável fácil de emprestar, ao qual se retorna no decurso do tempo. A simplicidade do seu manuseamento, essa relação directa e física com o «objecto livro» – incluindo no plano das posturas corporais – são aspectos postos agora em questão com os novos dispositivos de leitura. O impresso tem historicamente uma vida muito longa por ter usufruído de uma ausência única de mediação tecnológica e por ser um dos mais antigos media, certamente o medium mais antigo em termos de produção e comercialização em massa. O papel – pelo menos o papel bem feito – dura muito tempo. Estas propriedades estão estreitamente relacionadas com a função e estatuto únicos dos livros, e por isso sempre se considerou que a sua conservação deve ser garantida. Por outro lado, a leitura em papel é uma prática estabilizada e um acto complexo que se elabora a vários níveis; o do reconhecimento dos signos, o da percepção ortográfica e da sua tradição fonética em palavras, o da sintaxe, o da identificação do sentido ao nível da frase e do texto. Daqui resultam informações ou conhecimentos que são produzidos pelo sujeito em interacção com um suporte textual, graças a uma mobilização dos seus conhecimentos prévios e em função dos objectivos que pretende num determinado contexto.
Por outro lado, as opiniões opostas sobre a fixidez dos documentos e a fluidez da informação provocam uma tensão que é inerente aos documentos convencionais e que, de um modo academicamente adequado, o sociólogo francês Bruno Latour designa de «immutable mobiles» Assim, uma das características dos documentos em papel é a sua mobilidade, a sua capacidade de circular, ao contrário, por exemplo, das paredes das cavernas em que a humanidade deixou as suas marcas muito antes do aparecimento do papel. A outra, é a sua imutabilidade. Temos a expectativa de que o livro se mova sem alterações de modo a que, quando chegar ao leitor, seja o mesmo do que quando saiu do editor. O facto de, neste momento, os materiais digitais serem muito pouco permanentes é cada vez mais encarado como um problema: na verdade, o sucesso de qualquer género, ou de uma determinada instância de qualquer género, está ligado ao padrão ou ritmo de fixidez e de fluidez: qual a informação que se mantém fixa, quando pode ser alterada e por quem.
Por fim, assistimos a uma verdadeira fusão da mensagem e dos dispositivos em que, mais ainda, não cessam de surgir novos géneros textuais, literários e documentais, e se assiste a uma progressiva indistinção de fronteiras entre várias actividades cognitivas outrora distintas: a pesquisa de informação, a consulta, a análise e toda a sorte de leituras, de escrita e de comunicação. Assim, mensagens, materialidade e funcionalidades fundem-se em novas realidades, que é cada vez mais difícil qualificar a partir dos critérios e determinações tradicionais.
As novas materialidades que suportam a escrita não anunciam o fim do livro ou a morte do leitor. Existe, existirá como sempre, escreveu Jacques Derrida, «coexistência e sobrevivência estrutural de modelos passados no momento em que a génese faz surgir novas possibilidades». Mas essas novas materialidades pressupõem que os papéis vão ser redistribuídos, e que, em conclusão, se trata de reconhecer que é uma nova economia que se estabelece. Uma nova economia que «faz coexistir de um modo dinâmico uma multiplicidade de modelos, de modos de arquivo e de acumulação. E que isso é, desde sempre, a história do livro».
As hiperligações são da responsabilidade do autor do blogue. A ler também:
"Tendência é para compra de fragmentos de informação" (excertos editados desta entrevista)
Uma década de livros electrónicos em Portugal
Dia Internacional do Livro
P - Como analisa a evolução dos leitores de livros electrónicos (e-readers) nos últimos anos - são aparelhos que tendem a substituir os livros em papel ou ainda se está longe desse cenário?
R - Julgo que a evolução mais significativa consistiu no aparecimento de dispositivos utilizando as tecnologias e-paper e e-ink. É isso que marca o início da segunda geração de e-readers, depois do fracasso das primeiras tentativas em 1998/9 com o aparecimento do Rocket eBook e outros aparelhos que se lhe seguiram. Contudo, se resolveram algumas questões referentes à qualidade da tecnologia e ergonomia, continuam a subsistir uma série de questões que não facilitam a criação de um mercado expressivo (com excepção de segmentos muitos específicos, baseados em «chunked content»). Muito resumidamente: ausência de standards e portanto de soluções de interoperabilidade e compatibilidade; uma filosofia de lock-in baseada em formatos proprietários (o caso do Kindle é exemplar); insistência em mecanismos de DRM [gestão de direitos digitais] e, mais ainda, proprietários, dificultando duplamente a circulação das obras; necessidade de suporte para metadados desenvolvidos: por exemplo, o EPUB 2.0.1 não prevê soluções para articulação com standards como ONIX; ferramentas de navegação e de interactividade muito rudimentares; ausência de mecanismos que permitam conservar e reutilizar (de modo independente da obra ou não) o resultado das acções de um utilizador sobre um texto (bookmarks, anotações…); incapacidade de suportar workflow em que uma especificação como o PRISM (Publishing Requirements for Industry Standard Metadata), utilizado pela indústria das publicações periódicas para intercâmbio e arquivo de conteúdo digital ao nível da sua unidade nuclear, o artigo; carência de um suporte específico para os elementos paratextuais ligados aos textos base; por fim, como refere Joaquín Rodríguez, a resolução de algumas destas questões arrisca-se a acontecer no âmbito de linguagens e plataformas proprietárias, de integração vertical entre conteúdos, plataforma de distribuição e dispositivo de leitura, da dissolução progressiva do conceito de propriedade e de gestão da nossa memória colectiva. Mas o meu ponto principal é a dúvida persistente se, ao invés, em vez de uma solução de substituição do impresso pelo digital, não caminhamos antes para uma tendência de Gestão de Conteúdos Digitais que possibilitam estratégias de edição cross-platform e cross channel, em que o leitor decide o conteúdo a consumir e em que canal e suporte, adequada a uma época que se pode caracterizar como de “lean consumption”.
P - Acredita que estes e-readers - como dispositivo autónomo - têm futuro comercial quando surgem aparelhos como o iPad e similares (incluindo telemóveis) que integram funções de leitura electrónica de livros e oferecem ainda mais aplicações e funcionalidades?
R - Tendo a pensar que estes dispositivos dedicados poderão encontrar o seu nicho de mercado (no pressuposto de ecrãs e-paper) pois apresentam vantagens em termos de resolução e contraste e encontram-se na continuidade de uma experiência de leitura herdeira da cultura do impresso. Mas, por outro lado, este segmento poderá ter maior dificuldade em encontrar soluções para alguns dos problemas que referi acima e, sobretudo, têm sido adquiridos, segundo os dados de que disponho, pelas camadas da população usualmente classificadas como geração Baby Boomer (portanto com idades superiores a 45 anos), justamente a que tem hábitos de leitura mais fortes, maior formação escolar, maior capacidade económica e, sobretudo, que se habituou a ler em papel.
Creio que as práticas das gerações mais novas se afastam desse modelo, o que terá certamente a ver com novas configurações que surgem, neste momento de mudança de paradigma, a nível social, económico e cultural. Para Zygmunt Bauman a sociedade actual pode ser definida como uma sociedade de consumidores, já específica de um novo momento da modernidade, que designa como fase líquida. Como tenho salientado, este consumismo líquido, que engloba a velocidade, o excesso e o desperdício, caracteriza-se antes de mais por uma nova relação com o tempo, fenómeno que tem sido salientado, entre outros, por Manuel Castells, para quem vivemos uma época de aceleração da temporalidade, em que valores como a simultaneidade, a sensação do imediato, a mistura de tempos no mesmo canal de comunicação, cria uma colagem temporal ou, de outro modo, uma espécie de eterno presente que tende a elidir a história. Essa elisão da história é o contexto privilegiado de uma sociedade de hiperconsumo (o termo é de Gilles Lipovetsky), em que se salientam fenómenos como o êxtase (depressivo) da novidade perpétua, a febre do tempo curto, o zapping visual como correlato da saturação de mensagens, uma bulimia despreocupada, uma oscilação paradoxal entre a hipersensibilidade e a total insensibilidade.
Significa isto que se continua a agir segundo a lógica dos mercados de massas num momento em que emergem mercados de nicho e de subnicho, fenómenos de fragmentação generalizada, a disseminação de microculturas e novos modelos de leitor/consumidor. E como sempre, esta transição é particularmente complexa, pois o novo paradigma não substitui sem mais o anterior mas antes convive e articula-se com ele, pelo que não se pode já falar de um só mercado mas de múltiplos mercados, que tentarão dar resposta a configurações de «tribos», efémeras, voláteis, menos aglutinadas pela proximidade física e mais pela partilha de interesses.
Nesta perspectiva, creio que os aparelhos multifunção correspondem de modo mais adequado (para o melhor e para pior) ao ambiente social e cultural em que já vivemos. E, nesse sentido, alterar radicalmente aquilo que constituía o nosso legado de uma história longa do livro e que foi mencionado há bem pouco por Clément Laberge: os jovens já não compram um suporte para ler livros, compram livros que possam ler num suporte.
P - Com as novas propostas de ecrãs electrónicos maleáveis e até pequenos equipamentos de projecção 3D, consegue antecipar qual será o tipo de leitor electrónico que melhor pode servir as necessidades da população leitora em geral?
R - Da minha resposta anterior, pode deduzir-se que não creio que haja já uma população leitora em geral. A tendência é para a compra de fragmentos (chunks) de informação. O conteúdo tente a tornar-se cada vez mais discreto e os utilizadores querem apenas a informação de que necessitam, numa filosofia de acesso cada vez mais rápido e cada vez mais permanente e de qualquer local e não bits desnecessários (o que corresponde a um modelo de crescente mobilidade social quer em termos de profissionais quer no modo como vivem o quotidiano). No fundo, lidamos cada vez mais com conteúdo desagregável, granular, o que permite ao consumidor final adquirir apenas parte de um livro ou uma música de um disco (modelo iPod).
Obviamente que, mesmo neste cenário, haverá diversos tipos de leitores e diversos tipos de leitura. E, naturalmente, atributos tecnológicos poderosos em alguns domínios podem representar debilidades noutros O que pode ser interessante na estratégia de gestão de conteúdos digitais, ágeis, baseados em formatos neutros numa perspectiva «Media Neutral In – Media Neutral Out», é justamente a capacidade dos produtores de conteúdos deixarem de pensar na edição como um fenómeno único e passar a trabalhar com nichos de mercado, adequando-se a um leitor volátil, e fornecendo a informação requerida no suporte adequado.
P - Quais são as vantagens do livro em papel perante o formato electrónico?
Todas as características que ao longo de quase cinco séculos o transformaram num objecto perfeito para os seus fins: ainda há bem pouco o insuspeito Terje Hillesund escrevia que «there are two major challenges for long–form text transference. The first is to replicate conditions for continuous imaginary reading, and the second to create favourable conditions for sustained reflective reading. Whatever the solutions, digital text will under no circumstances be the same as printed text and, in relation to reading experiences; it will never be more than a question of proximity».
Antes de mais, deve sublinhar-se a emergência de uma realidade absolutamente nova e da maior importância para a nossa relação com os livros. Na verdade, apenas com os textos digitais os livros se deparam, pela primeira vez, com questões que sempre foram familiares para os editores de música e de vídeo. Ora, a mediação tecnológica é basicamente estranha ao mundo do livro: na nossa tradição cultural, o livro é um objecto persistente, imediatamente visível, folheável fácil de emprestar, ao qual se retorna no decurso do tempo. A simplicidade do seu manuseamento, essa relação directa e física com o «objecto livro» – incluindo no plano das posturas corporais – são aspectos postos agora em questão com os novos dispositivos de leitura. O impresso tem historicamente uma vida muito longa por ter usufruído de uma ausência única de mediação tecnológica e por ser um dos mais antigos media, certamente o medium mais antigo em termos de produção e comercialização em massa. O papel – pelo menos o papel bem feito – dura muito tempo. Estas propriedades estão estreitamente relacionadas com a função e estatuto únicos dos livros, e por isso sempre se considerou que a sua conservação deve ser garantida. Por outro lado, a leitura em papel é uma prática estabilizada e um acto complexo que se elabora a vários níveis; o do reconhecimento dos signos, o da percepção ortográfica e da sua tradição fonética em palavras, o da sintaxe, o da identificação do sentido ao nível da frase e do texto. Daqui resultam informações ou conhecimentos que são produzidos pelo sujeito em interacção com um suporte textual, graças a uma mobilização dos seus conhecimentos prévios e em função dos objectivos que pretende num determinado contexto.
Por outro lado, as opiniões opostas sobre a fixidez dos documentos e a fluidez da informação provocam uma tensão que é inerente aos documentos convencionais e que, de um modo academicamente adequado, o sociólogo francês Bruno Latour designa de «immutable mobiles» Assim, uma das características dos documentos em papel é a sua mobilidade, a sua capacidade de circular, ao contrário, por exemplo, das paredes das cavernas em que a humanidade deixou as suas marcas muito antes do aparecimento do papel. A outra, é a sua imutabilidade. Temos a expectativa de que o livro se mova sem alterações de modo a que, quando chegar ao leitor, seja o mesmo do que quando saiu do editor. O facto de, neste momento, os materiais digitais serem muito pouco permanentes é cada vez mais encarado como um problema: na verdade, o sucesso de qualquer género, ou de uma determinada instância de qualquer género, está ligado ao padrão ou ritmo de fixidez e de fluidez: qual a informação que se mantém fixa, quando pode ser alterada e por quem.
Por fim, assistimos a uma verdadeira fusão da mensagem e dos dispositivos em que, mais ainda, não cessam de surgir novos géneros textuais, literários e documentais, e se assiste a uma progressiva indistinção de fronteiras entre várias actividades cognitivas outrora distintas: a pesquisa de informação, a consulta, a análise e toda a sorte de leituras, de escrita e de comunicação. Assim, mensagens, materialidade e funcionalidades fundem-se em novas realidades, que é cada vez mais difícil qualificar a partir dos critérios e determinações tradicionais.
As novas materialidades que suportam a escrita não anunciam o fim do livro ou a morte do leitor. Existe, existirá como sempre, escreveu Jacques Derrida, «coexistência e sobrevivência estrutural de modelos passados no momento em que a génese faz surgir novas possibilidades». Mas essas novas materialidades pressupõem que os papéis vão ser redistribuídos, e que, em conclusão, se trata de reconhecer que é uma nova economia que se estabelece. Uma nova economia que «faz coexistir de um modo dinâmico uma multiplicidade de modelos, de modos de arquivo e de acumulação. E que isso é, desde sempre, a história do livro».
As hiperligações são da responsabilidade do autor do blogue. A ler também:
"Tendência é para compra de fragmentos de informação" (excertos editados desta entrevista)
Uma década de livros electrónicos em Portugal
Dia Internacional do Livro
19 abril 2010
18 abril 2010
16 abril 2010
Jonathan Klein
Photos that changed the world: Photographs do more than document history -- they make it. At TED University, Jonathan Klein of Getty Images shows some of the most iconic, and talks about what happens when a generation sees an image so powerful it can't look away -- or back.
Jovens
The Amazing Media Habits Of 8-18 Year Olds: Some key points:
* Kids consume a hell of a lot of media--and more all the time. Basically, if kids are awake, they're consuming media. And, increasingly, they're consuming multiple forms of media at the same time.
* Kids' print media consumption is tiny and falling.
* Kids' digital media consumption is going through the roof.
* Kids consume a hell of a lot of media--and more all the time. Basically, if kids are awake, they're consuming media. And, increasingly, they're consuming multiple forms of media at the same time.
* Kids' print media consumption is tiny and falling.
* Kids' digital media consumption is going through the roof.
Awesome!
The Most Awesomest Thing Ever is scouring the universe for the Most Awesomest Thing. Ever. By endlessly pitting two things against each other, we’ve created a stage set for destruction. You will battle, winners will emerge. Only the strongest shall reach the hallowed halls of the Most Awesomest.
15 abril 2010
Uma boa vitória!
Simon Singh Wins Legal Battle: British Chiropractic Association has finally realised that the legal maxim: 'when you find yourself in a hole, you should stop digging' is a truth of universal application.
Simon Singh: I could still face £40,000 legal bill
Contexto? Sente-se ofendido com este artigo? Meta um processo
Simon Singh: I could still face £40,000 legal bill
Contexto? Sente-se ofendido com este artigo? Meta um processo
Jornalismo cidadão no seu melhor
CNN sues citizen 'iReporter' for saying he works for CNN: CNN has embraced the user-generated culture of the Internet, encouraging viewers to send in news reports and featuring viewer responses on Twitter and Facebook.
But the cable news giant is now suing a man named Robert Paisola who identifies himself on blogs as a senior iReporter for CNN, features a stylized logo of CNN on his Twitter feed, claims to be a regular contributor to CNN on his LinkedIn page and has registered CNNLIVE.INFO as a domain name.
But the cable news giant is now suing a man named Robert Paisola who identifies himself on blogs as a senior iReporter for CNN, features a stylized logo of CNN on his Twitter feed, claims to be a regular contributor to CNN on his LinkedIn page and has registered CNNLIVE.INFO as a domain name.
14 abril 2010
O novo jornalismo
News sites funded by think tanks take root: A growing number of conservative groups are bankrolling startup news organizations around the country, aggressively covering government and politics at a time when newspapers are cutting back their statehouse bureaus.
The phenomenon troubles some longtime journalists and media watchdogs, who worry about political biases and hidden agendas.
The news outlets have sprouted in larger numbers in recent months to fill a void created by the downsizing of traditional statehouse coverage and to win over readers, including those from the tea party movement who don't trust the local paper or the TV news.
The phenomenon troubles some longtime journalists and media watchdogs, who worry about political biases and hidden agendas.
The news outlets have sprouted in larger numbers in recent months to fill a void created by the downsizing of traditional statehouse coverage and to win over readers, including those from the tea party movement who don't trust the local paper or the TV news.
Mapas de livros
Maps of Murder: Dell Books and ‘Hard-Boiled’ Cartography: An amazing grand total of 577 ‘Map Backs’ were published during the lifespan of the series, from 1943 to 1952.
13 abril 2010
Ondas móveis
Mary Meeker's Awesome Mobile Internet Presentation: mobile is the next major wave of computing innovation.
Por falar em Twitter
Twitter to start pushing advertising to users: Initially, up to 10 percent of users will get ads with their tweets
The Multi-Billion Dollar Question: Will Users Click on Twitter Ads?
Here's Who Just Got Screwed By Twitter: a whole lot of the startups built around Twitter are totally screwed.
imagem daqui
Kin(teressante)
What In God's Name Is Microsoft Thinking With These New Phones?
* Are not based on Microsoft's new Windows Mobile software
* Do not allow third-party apps to be built on them
* Are aimed at "young people" (who, as far as we can tell, have phones coming out of their ears)
* Emphasize "social networking" (which was cool circa 2004).
Microsoft Kin Phone Demo: If you’re curious about Kin, or are thinking about buy the device for yourself or your kids when it comes out on Verizon next month, then you definitely should watch this video and see if it’s right for you.
* Are not based on Microsoft's new Windows Mobile software
* Do not allow third-party apps to be built on them
* Are aimed at "young people" (who, as far as we can tell, have phones coming out of their ears)
* Emphasize "social networking" (which was cool circa 2004).
Microsoft Kin Phone Demo: If you’re curious about Kin, or are thinking about buy the device for yourself or your kids when it comes out on Verizon next month, then you definitely should watch this video and see if it’s right for you.
12 abril 2010
Um optimista:
Commander: Apollo 13 was ‘successful failure’: NASA and mission’s astronauts celebrate 40-year-old drama
Sem Portugal mas com Reino Unido...
Birth of a scientific project to save the Mediterranean coast
The PEGASO project will study specific actions to be applied under the Integral Coastal Zone Management (ICZM) for the protection of the Mediterranean
* Financed by the EC Framework Progamme 7 and directed by Universitat Autònoma de Barcelona, the project will receive 6,999,004.56 euros in funding during the next four years.
* Researchers will be analysing 11 case studies in the Danube and Nile deltas, the northern coast of the Adriatic Sea, and the islands of the Aegean Sea.
* The project will include the participation of 23 European organisations (universities, research centres, NGOs, small businesses and international organisations).
* For the first time, the research will combine the study of the sea, its coasts and marine ecosystems under one integrated research framework.
The PEGASO project will study specific actions to be applied under the Integral Coastal Zone Management (ICZM) for the protection of the Mediterranean
* Financed by the EC Framework Progamme 7 and directed by Universitat Autònoma de Barcelona, the project will receive 6,999,004.56 euros in funding during the next four years.
* Researchers will be analysing 11 case studies in the Danube and Nile deltas, the northern coast of the Adriatic Sea, and the islands of the Aegean Sea.
* The project will include the participation of 23 European organisations (universities, research centres, NGOs, small businesses and international organisations).
* For the first time, the research will combine the study of the sea, its coasts and marine ecosystems under one integrated research framework.
Jornalista hoje
To Tweet or Not to Tweet? The Journalist's Dilemma: I’d find it hard to be a journalist today.
11 abril 2010
10 abril 2010
Poucos e poucos
Guess How Many People Pay To Read Local Newspapers With Paywalls?
Joseph Tartakoff of PaidContent surveyed local newspapers all across the country to figure out how many of them had paywalls and how many online-only subscribers the ones with paywalls had.
The answers?
Not many. Of either.
Joseph found 24 local papers with paywalls.
Between them, they had about 10,000 online-only subscribers
BTW, How Publishers Plan to Monetize iPad Content?
A dar ideias
If Apple made cars 300,000 fans would line up around the block to buy it without a test drive - Jeff Jarvis
09 abril 2010
Correlações
Like father, like son: Income levels of sons are often influenced by the income levels of their fathers [...] The correlation is strongest in the UK, Italy and the US, and much less so in Denmark, Australia and Norway.
A ciência no seu melhor
Evolution, Big Bang Polls Omitted From NSF Report: a federal advisory committee omitted data on Americans' knowledge of evolution and the big bang from a key report. The data shows that Americans are far less likely than the rest of the world to accept that humans evolved from earlier species and that the universe began with a big bang.
Jornalismo cidadão e suas implicações
The triple threat to citizen journalists: The most obvious disadvantage is that self-appointed journalists work for something between a pittance and nothing. But they also lack three things that make life easier for journalists working for a recognized news organization: Libel protection, press credentials and shield laws that prohibit prosecutors from tossing reporters into jail until they reveal confidential sources of information.
Although citizen journalists seldom think about the triple threats they face, they actually run major financial and legal risks.
Although citizen journalists seldom think about the triple threats they face, they actually run major financial and legal risks.
Memristores
Hewlett Packard outlines computer memory of the future: memristors - often described as electronics' missing link.
These tiny devices were proposed 40 years ago but only fabricated in 2008.
HP says it has now shown that they can be used to crunch data, meaning they could be used to build advanced chips.
These tiny devices were proposed 40 years ago but only fabricated in 2008.
HP says it has now shown that they can be used to crunch data, meaning they could be used to build advanced chips.
(Ainda) Nova Iorque
evolution of the New York skyline: a city which is defined by its skyline, existed as a metropolis well before skyscrapers and has gone through several distinct architectural phases.
Em sentido icónico
Media transformed 9/11 into ‘public drama’: “This obviously makes 9/11 a valuable resource for elected officials and other public figures who look to gain support for a particular policy or agenda by creating a linkage to 9/11.”
Ainda os "tablets" mas cuneiformes
Researchers shed light on ancient Assyrian tablets: "The tablet is quite spectacular. It records a treaty -- or covenant -- between Esarhaddon, King of the Assyrian Empire and a secondary ruler who acknowledged Assyrian power. The treaty was confirmed in 672 BCE at elaborate ceremonies held in the Assyrian royal city of Nimrud (ancient Kalhu). In the text, the ruler vows to recognize the authority of Esarhaddon's successor, his son Ashurbanipal"
08 abril 2010
Idosos crescem, mães diminuem
The shock of the old: Welcome to the elderly age: Of all the people in human history who ever reached the age of 65, half are alive now. Meanwhile, women around the world have half as many children as their mothers.
via @ViRAms: Awesome! @HelSimao
via @ViRAms: Awesome! @HelSimao
Pessoas como nós...
Portugueses não confiam no Governo, na banca e na comunicação social: a fonte de informação preferida os portugueses são “pessoas como nós” (74%), um número que contrasta com a média europeia (48%). Também a confiança nos motores de pesquisa online (56%) surge acima da média europeia (32%). Ao nível de fontes de informação na comunicação social, os artigos das publicações económicas merecem a confiança da maioria dos inquiridos (55%) que, no entanto, confiam menos nas rádios (46%), nas televisões (37%) e nos artigos dos jornais generalistas (33%). Mas por comparação com a média europeia, Portugal revela mesmo assim uma maior confiança nos artigos produzidos pelos meios de comunicação social.
07 abril 2010
06 abril 2010
17 minutos de Iraque (Collateral Murder)
Check Out The Wikileaks Video That Everyone's Talking About
Vidéo: deux journalistes assassinés par l’armée US en Irak
Vidéo: deux journalistes assassinés par l’armée US en Irak
05 abril 2010
Jornalistas e redes sociais
More Journalists Using Facebook And Twitter: More than a third (37%) of traditional journalists now contribute to Twitter and 39 percent produce content for a blog as part of their expanded duties, according to a new PRWeek/PR Newswire Media Survey.
E a questão é...
In Britain, a Laboratory for Newsprint’s Future: The question for publishers is this: Can they persuade sufficient numbers of readers to pay online to make up for shortfalls in print advertising and circulation revenue, or are they better off keeping Web sites free and waiting for enough ad revenue to materialize?
Mesmo para um predador sexual...
30-year ban on computer use too much: A convicted sex offender should not have been forbidden to use or possess a computer for 30 years after he was released from prison, a federal appeals court ruled Friday.
Bom, bom 3D
Forget Avatar, the real 3D revolution is coming to your front room: 3D printers are transforming how the world of design works – within minutes drawings can be turned into a prototype model, slashing costs but also giving consumers the power to become manufacturers
04 abril 2010
Museu Chopin
Un musée moderne conçu par les architectes Migliore + Servetto et consacré à l’oeuvre de Frédéric Chopin.
03 abril 2010
Estágios não remunerados... nos Estados Unidos
Growth of Unpaid Internships May Be Illegal, Officials Say: With job openings scarce for young people, the number of unpaid internships has climbed in recent years, leading federal and state regulators to worry that more employers are illegally using such internships for free labor.
01 abril 2010
Google 3D
Google Street View Goes 3D. It works! Just not very well…
Google Books View in 3D: The selfish gene, by Richard Dawkins
Google Books View in 3D: The selfish gene, by Richard Dawkins
Banqueiros informadores
Quand les banquiers informent la police: Longtemps la garantie du secret des transactions fut synonyme de respectabilité bancaire aux yeux des déposants les plus fortunés. Pourtant, dans le sillage de la lutte internationale contre le blanchiment de l’« argent sale » puis contre le financement du terrorisme, les banques ont dû évoluer. Elles recrutent désormais des membres des forces de l’ordre pour mettre en place une surveillance financière aussi étendue que méconnue.
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