24 dezembro 2012

No reino do rei Artur (actualizada)

O agora famoso Artur Baptista da Silva pode ser um burlão.

Entre outras coisas, insinuava-se junto de organizações, participava em jantares-debate e conferências, como no VII Congresso Internacional "A Felicidade", anunciado no próprio Ministério da Saúde.

A culpa pelo seu célere mediatismo foi dos jornalistas que não validaram as suas credenciais - e dos meios de comunicação social que, à pressa, removem agora o espaço que lhe deram.

Dito isto, os bloggers bem podem dizer que os jornalistas foram "engrupidos" mas a verdade é que os tais engrupidos foram quem primeiro questionou e agora denunciou o caso. Isto enquanto lhe davam tempo de antena e outros apenas ficavam a olhar para um "fenómeno que me inquietou e pasmou nos últimos dias pelas dimensões que atingiu".

O que este caso prova não é apenas a fragilidade do jornalismo ou dos jornalistas que serão enganados perante quem os pretender ludibriar ou dos meios de comunicação por não terem mecanismos de validação anteriores ao que se emite/publica e de quem se convida para o fazer e opinar.

O que este exemplo demonstra é que nem milhares de almas que publicam em blogues ou no Facebook - muitos a elogiar e a citar anteriormente as entrevistas de Baptista da Silva - conseguiram ter a mínima suspeita. Isto não desculpa os jornalistas, que têm responsabilidades acrescidas. Apenas mostra que o "jornalismo do cidadão" é uma treta quando um cidadão resolve enganar o jornalismo e a sociedade. Nesse caso, são todos engrupidos...

Actualização:
O Expresso e [o cartão de visita de] Artur Baptista da Silva

O burlão e o jornalismo: Qualquer jornalista sabe - e isso consta no código de conduta e nos procedimentos gerais da profissão - que as informações devem ser confirmadas. Ora, não foram - e aqui estamos perante um erro que é mesmo isso - um erro, não devia ter sido cometido.

"Lamento muito mas fui mesmo embarretado", diz Nicolau Santos:“Tudo se resume a isto: cometemos um erro terrível, do qual me penitencio – não confirmámos se aquele senhor era quem dizia ser. Para além disto, qualquer conclusão é abusiva”, disse Nicolau Santos. [...] “Cometemos um erro, mas não foi sequência da pressa ou da precipitação”, refere Nicolau Santos.

Ninguém conhece Artur Baptista da Silva na ONU: o inexistente colaborador da ONU - como o DN ontem confirmou junto das Nações Unidas -, o falso consultor do Banco Mundial, o homem que sempre se apresentou como sendo economista, a figura que deu entrevistas a diversos órgãos de comunicação social e foi orador convidado por instituições prestigiadas, continua a ser o "burlão encartado" como era conhecido, nos bastidores, quando foi presidente do conselho de fiscalização do Sporting, no tempo de Jorge Gonçalves.

Falso coordenador da ONU inventa relatório e engana "Expresso", SIC, TSF e Reuters: foi o Ministério dos Negócios Estrangeiros que ao tentar confirmar o relatório que analisava a política de austeridade portuguesa deparou-se com uma fraude: nem o homem trabalha na ONU nem o observatório referido existe.

Burlão plagiou tese de quadro do Banco Mundial

Os peritos que afinal não o eram: Como a BBC, New York Times, ou ABC foram enganadas por pessoas com carreiras inventadas no mundo da finança ou dos assuntos militares.

Actualização 1:

Burlão mantém que é "colaborador voluntário" da ONU: Afirma Baptista da Silva que "tal como o poder político, também alguma comunicação social é muito forte com os que lhe parecem ser fracos e cobardemente fraca com os fortes cujos poderes a manietam".

E exemplifica: "Chamar-me burlão têm sido fácil! Mas nunca, até agora, os vi chamar burlões aos 50 maiores devedores do BPN que, esses sim, burlaram o Estado Português, num montante equivalente a 1% do PIB, nem aos que transferem capitais, limpos e sujos, para paraísos fiscais, delapidando os interesses do Estado fugindo ao pagamento dos impostos e que paulatinamente, e no silêncio cúmplice da mesma comunicação social, aproveitam as janelas de oportunidade concedidas periódica e discriminatoriamente, pelos diversos governos que lhes perdoam o crime fiscal em troca do pagamento de uma taxa de 7,5%, ou seja, um terço da dos cidadãos sérios que aplicam as suas poupanças em Portugal e pagam 22,5%. A isto chama-se cumplicidade silenciosa do benefício não ao infrator mas ao criminoso", refere em comunicado.

O impostor e as imposturas: Artur Baptista da Silva é um burlão. E o que disse, é intrujice?

Actualização 2:
ONU diz que Artur Baptista da Silva “não está autorizado” a falar em nome da organização