Esta semana houve um evento interessante sobre os media, com o título de "Motores de busca - o seu a seu dono".
O grosso do debate não foi analisado nos media - e se eram assuntos que mereciam debate público... Enfim.
Tal como vários jornais reproduziram o discurso de Pinto Balsemão que lhes foi enviado, sem cuidarem de saber se ele tinha dito mesmo aquilo tudo (omitiu e alterou passagens), agora foi Vasco Pulido Valente (VPV) que no Público de sábado falou do que ouviu dizer (links indisponíveis).
Diz VPV que "Balsemão "se recusa” terminantemente a aceitar o “suicídio lento a que os grupos de media estão condenados, se não se unirem e actuarem”. E actuarem como? Muito simples, como milhões e milhões de outros portugueses: exigindo à “Europa” e ao Governo que “apoiem e apliquem soluções” para ajudar “o esforço” das companhias de CS [comunicação social] “para serem remuneradas pelos conteúdos que produzem”. Ou seja, em linguagem corrente, o dr. Balsemão quer que o Estado lhe pague as despesas, como de resto deve, e quer ele ficar com o lucro".
Hoje, Pinto Balsemão responde a Vasco Pulido Valente, alguém que "embora desatualizado, é um homem culto. É uma pena que a preguiça militante e alguma ignorância, nomeadamente sobre o que é a internet, se vão apoderando dele.
A tal ponto que já nem percebe que o que tenho defendido é a luta pelos direitos de autor, a luta contra a pirataria e contra a apropriação, por parte dos motores de busca, de conteúdos feitos pelos jornalistas. [...] Não se trata portanto de eu estar a pedir esmolas ao Governo, tese que Vasco Pulido Valente se lembrou de inventar".
Sem retirar quaisquer méritos a VPV (que neste caso está errado, acho eu) ou a defender Pinto Balsemão (ambos são "senadores" da nossa política, portanto estão no mesmo patamar em que os queiramos colocar), o que me preocupa é o seguinte: quando se opina, nomeadamente contra um discurso público de alguém e quando não foi numa sala fechada à comunicação social, não se devia ter cuidado com o que se cita ou sobre o que se opina?
É que alguns jornais optaram por cobrar os conteúdos online principalmente pelos seus opinadores, acreditando que eles eram uma mais-valia importante - pelo que lhes pagam principescamente (claro que despediram jornalistas para pagar a personagens opinativos que não valem um chavo, mas isso é outra história).
Ora se mesmo os opinadores revelam erros tão básicos como VPV, estes jornais vão agarrar-se a quê?
Foi-se a venda em papel, foi-se a publicidade, foram-se os classificados, os produtos associados vivem temporariamente de elegias de pessoas como Miguel Esteves Cardoso, rebentaram com a publicidade online. Estes meios de comunicação social esperam viver de quê?
E VPV espera opinar e ser pago pelos motores de busca ou também espera que o "Estado lhe pague as despesas"? Elucidem-me nos comentários, sff.