05 julho 2014

Carlos do Carmo neste "milagre intermitente"

Neste "reinozinho chamado Portugal", perante alguém vitorioso, surge quase sempre um outro a dizer mal dessa(s) vitória(s).

Parece inveja ou mesquinhez mas, muitas vezes, não é. É simplesmente a vontade de repôr uma verdade que é escondida, matraqueada até se tornar a verdade oficial. Pacheco Pereira diz isto há anos sobre a política na comunicação social mas agora o caso é de cultura: trata-se do "primeiro" Grammy para Portugal, alegadamente de Carlos do Carmo.

Ele não é o "primeiro" português a ganhar esse prémio, como recordou atempadamente José Leite - ao contrário de toda a comunicação social, que "matraqueou" essa declaração sem a verificar...

Elisabete Matos ganhou o mesmo prémio - em conjunto com outros mas foi "winner" - em 2000.



Elisabete Matos está precisamente a dar em Portugal uma série de concertos (recital em Sintra e concerto em Lisboa), sem que se ouça falar da (primeira?) vencedora nacional de um Grammy. Carlos do Carmo não sai de cena desde o anúncio da sua escolha.

A tontice é tanta que, com excepção do DN (que eu tenha descoberto), Carlos do Carmos aparece sempre isolado de um conjunto de artistas que vão igualmente receber o mesmo prémio - os tais "seis melhores cantores vivos do mundo"? Para comparação, veja-se como foi revelada a notícia no Brasil: "Ney Matogrosso estará entre os homenageados pelo Grammy Latino na edição de 2014".

O curioso é que, ao contrário do Brasil, o lobby discográfico português parece não ter conseguido influenciar a Latin Recording Academy, que contempla uma categoria de música brasileira mas cujos membros são artistas da língua espanhola ou portuguesa. Será agora?

Por fim, o reconhecimento ao segundo vencedor português de um Grammy: "Hailing from Portugal, Carlos do Carmo is one of the greatest fado singers of his time. His mother, legendary singer Lucilia do Carmo, was a great influence on his career, which has lasted more than 50 years. While fado has been the core of his music, Carlos do Carmo's distinctive style of singing is marked by the special timber of his voice along with his personal affinity for French pop balladry and Brazilian bossa nova, creating an unmistakable and definitive sound that distinguishes him as one of the most iconic voices of Portuguese music. Among his vast repertoire of songs, do Carmo is most recognized for "Lágrimas De Orvalho," "Lisboa Menina E Moça" and "Canoas Do Tejo." He has received international acclaim and has performed to sold-out crowds in landmark venues such as the Royal Albert Hall in London, the L'Olympia in Paris and Carnegie Hall in New York. He played a key role in making fado part of UNESCO's World Heritage Cultural Patrimony via his countless concerts, recordings and participation in director Carlos Saura's 2007 film Fado. He continues touring actively".