23 fevereiro 2004

VITAMEDIAS

Os brindes: se na União Europeia diminui a venda dos jornais, Portugal foi o país em que o fenómeno atingiu proporções mais graves: menos 2,2% de leitores de jornais entre 2001 e 2002, e menos 22,4% entre 1996 e 2002. Além, disso, nos jovens entre os 15 e os 24 anos, encontramos 60,4% que não lêem jornais. Onde estão os futuros leitores? Aterrador!
Leitura de jornais e riqueza do País: Curioso é que na Suécia 92,2% dos jovens lêem jornais, na Finlândia 78,4%, na Dinamarca 64,8% e na Irlanda 59,8%. Em todos os demais países da UE os jovens que não lêem jornais superam a percentagem dos que lêem. Por isso, a idade média dos leitores de jornais está a aumentar.
Se se comparar os dados da leitura de jornais com o rendimento disponível também em 2002 (PIB per capita a preços correntes) conclui-se que portugueses (12 461,9 euros) e gregos (12 908,8 euros) são os que possuem menor PIB per capita da UE, seguidos dos espanhóis (17 170,7 euros). A média europeia é de 22 979,8 euros.
Um quadro inquietante: O mundo da comunicação é, hoje, o centro da política. (...) A profissão mais desprestigiada do mundo é a política. (...) O sistema de representação está em crise. 60% dos europeus pensam que não estão a ser governados segundo a vontade do povo e 3/4 dos cidadãos, em todo o mundo, pensam que os políticos são potencialmente corruptos e não se interessam pelos seus problemas. (...) Há que perguntar como se chegou a isto.»
Este quadro inquietante foi traçado, há dias, na Gulbenkian, pelo sociólogo Manuel Castells [...]
Se, como afirma Castells e os factos mostram, os media estão no centro da política, é forçoso concluir que o desprestígio de uma parte arrastará o da outra. Os cidadãos terão, então, razões, para se alhear de ambos, o que pode explicar o quadro inquietante apresentado pelo sociólogo.
[ver também, entre outros textos no CF&A sobre esta questão noutros países, Teen 'zine sales are slumbering]