17 setembro 2004

ECOPOL

Por respeito a quem lê não usei a palavra cu: Produtividade. Produtividade. Produtividade.
Provavelmente o palavrão mais usado pelos políticos portugueses nos últimos dez anos. Provavelmente a pior desculpa de políticos e associações patronais para não aumentar os salários dos portugueses na última década. [...]
Mas o Santana não sabe o que é produtividade nem como tal coisa se calcula. Fica aqui o serviço público da Gabardina, caro Pedrocas: a produtividade de que falam as estatísticas oficiais é calculada dividindo a riqueza criada (no caso em questão, o PIB de Portugal) pelo número de indivíduos que contribuíram para a produzir. E esta é muito mais baixa em Portugal do que nos outros países da Comunidade Europeia? Aplicando a fórmula, sim. Na prática, não. E por quê? Por causa da fuga ao fisco, Santanita. É que quando uma casa é vendida por 30 mil contos e escriturada por 18 mil, como acontece com 90% das casas transaccionadas neste país, os 12 mil contos que ficam de fora são riqueza produzida mas não entram para as contas do PIB. O mesmo acontece com tudo o que é produzido e não facturado. O mesmo com os serviços prestados sem documento. Muita riqueza, nenhuma produtividade.
Por isso, Pedrito, diz-te a Gabardina que é tua amiga: a produtividade em Portugal é, na prática, muito próxima da média comunitária. Os preços em Portugal também são muito próximos da média comunitária. A única coisa que não está próxima da média comunitária em Portugal são os salários. E a vergonha na cara, claro!