Horror mediático: O facto [descrito por António Pinho Vargas]:
Anteontem [dia 3 de Setembro] fiz um esforço para chegar a casa a tempo de ver as noticias às 8 horas sobre o desenlace do assalto terrorista na Russia. (...) Vi as notícias, as imagens de terror, tirei as conclusões que pude mas no final vi outro objecto digno de análise. Antes de avançarem para outros assuntos do dia, a SIC e a TVI - nao vi na RTP - passaram resumos de 30 ou 45 segundos do já mostrado. Sem palavras e com musica. [...]
Sucede que também vi as mesmas imagens. Também escutei a mesma música. E concordo, claro, que esta última conferiu às imagens uma outra força evocadora, uma maior intensidade dramática. Mas Pinho Vargas vem dizer que passar essas imagens ?sem palavras e com música? leva à ?estetização do horror? e ?não acrescenta nada às notícias?. [...]
Terão sido, para muitos, os primeiros momentos de reflexão sobre tão trágico acontecimento. Para outros, pelos vistos, só suscitaram nojo, repugnância. É natural, principalmente quando domine o gosto e o temperamento. Natural e humano. O que já não parece natural nem recomendável é que se caia na radical generalização de considerar que a televisão é ?cega na sua paranóia (ridiculamente cinematografica, «a americana»)? e ?à sua maneira, uma espécie de terrorismo de massas e planetária?. Principalmente quando se apontam os erros sem indicar as soluções.
Posso propôr uma solução? Posso?
Que as notícias deixem de ser acompanhadas por música, evitando assim o "nojo" e a "repugnância" pelos editores e pelos responsáveis das montagens dessas peças supostamente noticiosas...