Porque é que quanto mais parecem querer mexer, mais tudo aparenta que vai ficar na mesma?
Moção do PSD [Beja] Defende Alienação pelo Estado de Meios de Comunicação Social: o partido, que está no Governo, deve "afastar da esfera da influência directa ou indirecta do Estado qualquer órgão de comunicação social que vá além do estritamente indispensável serviço público".
PS quer "reprivatizar" império mediático da PT: o projecto visa "proibir" que o Estado "directa ou indirectamente" detenha participações em meios de comunicação social, exceptuando-se esta regra ás empresas que compõem o chamado "serviço público" (RTP, RDP e Lusa). "Fomos aprendendo muito ao longo do tempo" e "nunca nos passou pela cabeça que a PT pudesse ser uma empresa tão instrumentalizável", disse o líder socialista para justificar o facto de ter sido num Governo do PS (o segundo liderado por António Guterres) que a PT comprou a Lusomundo. Nessa altura - acrescentou ainda - "fazia sentido que empresas ligadas à distribuição tivessem também conteúdos".
[Repare-se na impossibilidade do "indirectamente" em ambas as propostas...]
Pacheco Pereira recorda com Mais do Mesmo: Sócrates disse que nunca passou pela cabeça de ninguém que a compra da Lusomundo pela PT poderia levar à instrumentalização dos órgãos de informação do grupo. Tretas. Passou, pelo menos, pela minha cabeça. Escrevi isto em Dezembro de 2000, imediatamente a seguir à operação [ler texto completo no Abrupto, que também se questiona sobre a gravidade das afirmações de Fernando Lima na AACS sobre as agências de comunicação]
Retirar o Estado dos "media": Se a proposta [do PS] vier a vingar, de duas uma: ou o Estado se retira do capital dessas empresas, ou elas devem alienar os seus órgãos de comunicação.
[Enquanto a primeira não ocorre, a segunda arrasta-se. O resultado é: tudo na mesma...]
O Que São as Propostas Socialistas: o PS pondera também introduzir no Estatuto dos Jornalistas uma norma que impeça o trânsito sem limites (períodos de nojo ou "quarentenas") das assessorias de imprensa para as redacções.
[Além da PT, eis um jornalista preocupado com o PS: Paulo Catarro deixa RTP, assumindo a função de assessor de Hermínio Loureiro, secretário de Estado para o Desporto e Juventude.]
[act.: Dedo em feridas do jornalismo: "O jornalismo anda hoje em roda-livre, entregue a si próprio e a uma mirífica "auto-regulação" que só serve para os jornalistas se enganarem a si próprios, enquanto as condições de exercício da profissão se vão deteriorando gravemente a vários níveis. É uma verdade tão simples quanto estapafúrdia: o jornalista que viola o código deontológico da profissão não tem qualquer sanção. Pelo menos, que se veja..."]