Três experiências de conteúdos jornalísticos fechados, em continentes e com aproximações diferentes, podem indiciar estratégias a seguir quando as alternativas gratuitas têm fracassado.
O New York Times (NYT) conseguiu mais de 100 mil assinantes na sua versão digital, desde que a fechou parcialmente a 28 de Março. Este número não integra ainda os resultados da empresa no primeiro trimestre do ano que, segundo Janet Robinson, presidente da NYT Company, viu a publicidade online crescer 4,5% (sem compensar a quebra de 7,5% no papel) e em que os produtos digitais representaram 28% do total das receitas publicitárias.
O objectivo do NYT é conseguir 300 mil assinantes até Março de 2012 mas, como lembra o Nieman Journalism Lab, o número actual foi obtido com assinaturas semanais de baixo valor (99 cêntimos contra os futuros 3,75 dólares). Em 2007, a “última vez que houve uma corrida de pessoas a querer pagar pelo nytimes.com, seguiu-se um longo período de lento crescimento” e perda de receitas publicitárias. Mas o NYT, que apostou num confuso modelo pago, não é o único a testar novas formas de facturar com o que antes era gratuito.
A publicação trimestral The Blizzard lançou-se em formato PDF e pede aos leitores para pagarem o que acham justo (“pay-what-you-like”) pelo número zero. No entanto, a revista inglesa de futebol impõe um mínimo na assinatura anual a partir de 45 euros na Europa. O sucesso do número de teste vai levar à edição do primeiro número também em papel, a 11 de Junho.
Na Eslováquia, a estratégia é diferente mas, embora aparentemente arrojada, não há ainda resultados.
O objectivo é fechar os conteúdos de uma dezena dos principais jornais e revistas por detrás de uma grande “cortina de ferro” paga, através da qual os assinantes acedem a todos os conteúdos em diferentes terminais.
A ideia é desvalorizar as alternativas gratuitas, ter uma única entrada, facilitar um único pagamento mensal de 2,90 euros (no banco, por cartão de crédito ou SMS) e distribuir os resultados pelos detentores dos conteúdos. Os testes começaram esta semana e as assinaturas pagas iniciam-se a 2 de Maio.
A empresa tecnológica por detrás do projecto é a Piano Media, liderada pelo ex-jornalista Tomáš Bella, que tem conseguido publicitar o potencial da estratégia e da sua plataforma contactando medias e bloggers (incluindo em Portugal).
A Piano fica com 30% das receitas e divide o resto consoante o tempo que os leitores permanecem online nos sites, e não pelas páginas que visitam. Em cinco das publicações, os comentários são pagos.
Num país de 5,7 milhões de habitantes, com quatro milhões online, a Piano quer ainda integrar assinaturas no pagamento às operadoras de telecomunicações pelo acesso à Internet.