- A neutralidade climática nacional em 2050
- Os amigos Big Tech e Big Oil
- Cibercrime aumenta na Venezuela
- Jornalismo visual
- Territórios urbanos de dados para vigilância
- Num mundo sem condução, a micromobilidade (ou o futuro da mobilidade urbana em cidades sem carros)
- ‘The selfie that revealed I was a stolen baby‘
- Música universal, do Muzak ao silêncio
- 700 mil podcasts activos?!?!
- Idosos por Sara Lopes
- Os anúncios publicitários de David Lynch
- Cyberpunk is Dead & Cyber-noir: Cybersecurity and popular culture
- Bauhaus Everywhere
- Não vale a pena criar mais falsidades na Wikipedia – porquê?
Bónus: O lítio, a queda de Evo Morales, a valorização das acções da Tesla e, por falar em Tesla, que empresa conseguiu 10,5 mil milhões de dólares em pré-encomendas de um produto sem investir nada em publicidade?
Culturas, economia e política, tecnologia e impactos sociais, media, contaminantes sociais, coisas estranhas... Cultures, economy and politics, technology and social impacts, media, social contamination, weird stuff...
29 novembro 2019
CqpNSNS (2019.11.29)
22 novembro 2019
CqpNSNS (2019.11.22)
- Portugal em terceiro no Global Mercantilist Index
- Telemóveis usados para nos fazer sentir que não há escolha e liberdade e vida sem eles…
- Os lasers do descontentamento
- O que opõe jornalistas a coletes amarelos em França
- IA nos media
- A hipótese das empresas “superestrelas“
- Religião e psicologia para “decifrar parte do puzzle da diversidade humana“
- O problema da falta de escuridão urbana
- “That Deep Romantic Chasm“: Libertarianism, Neoliberalism, and the Computer Culture
- A grande muralha da censura online na China
- 10,096 formas únicas de começar uma novela vs Bulwer Lytton Fiction Contest (2019 Grand Prize Winner)
- Tipografia, línguas e comida em Blade Runner
Bónus: Há um ano, a RTP, SIC e TVI iam criar associação para medir audiências mas não o fizeram, nem acordaram até Março…
15 novembro 2019
CqpNSNS (2019.11.15)
- Há mais lítio do que o necessário…
- Diferenças entre startups e governos.
- São os bilionários de 2019 adeptos do risco? Não, porque são normalmente de famílias ricas e adoram o Dakota do Sul.
- Os custos do trabalho na China e o seu impacto na Europa.
- O seu empregador está a roubá-lo?
- Quem afastou Evo Morales: o processo eleitoral, os EUA ou a oligarquia boliviana?
- Da crise climática: dos maiores poluidores do plástico a um código de barras para reciclagem, dos excrementos animais e humanos ao desaparecimento dos insectos. E o pesadelo da Califórnia…
- Um novo olhar para a monetização como direito exclusivo dos autores (e como pode uma criptomoeda estimular militares).
- É curioso o que acontece quando se acaba com as multas na devolução de livros.
- Notícias positivas (como o futuro da revista Monocle passar pelo papel e pela independência…)
- Estão os serviços de streaming como o Netflix (sim, esse do “negócio do entretenimento” com “custos explosivos” na produção de séries de TV) a contribuir para as assinaturas de media? E qual é o verdadeiro pagamento por estes serviços?
- O mito do hacker sofisticado e da insegura torradeira.
- Falência como alternativa: desde 1975, o consumo de leite caiu 40% nos EUA.
- Outros ângulos de Nova Iorque, São Francisco e muito mais.
- Remover a água das fotos marinhas.
Bónus: O RGPD como norma internacional para a protecção de dados pessoais adoptado pelo Quénia, quando outros procuram a privacidade no browser (caso do Panopticlick) ou no modelo de apregoar o conceito de “privacy by design”. Porque estamos na era do capitalismo da vigilância.
08 novembro 2019
CqpNSNS (2019.11.08)
* Dos mais de 11 mil cientistas que alertaram para a “emergência climática” aos 2.500 que mal se ouviram a criticar a PAC europeia
* O direito à informação pública deve ser um direito fundamental em democracia
* Qual o impacto de uma criptomoeda chinesa num ambiente de vigilância e censura, desculpado por marcas internacionais?
* Quando desaparece um hospital rural, morre uma cidade; quando um diário pode desaparecer, a solução é oferecê-lo; quando desaparece uma rede global de editores de jornais por falta de financiamento, o que se pode deduzir?
* Como roubar mil milhões (Uber e Airbnb e Bird)
* Enquanto financia a “exportação” dos sem-abrigo, Nova Iorque quer reformar o sistema de votação eleitoral
* Pesquisas na Web melhoram tratamento médico em oncologia
* O desconhecido médico que descobriu o Ébola
* Alterações climáticas em filmes de Hollywood (e, por falar em clima, quando Hitler pensou substituir o cristianismo por uma teoria do mundo gelado)
* Como “Blade Runner: Do Androids Dream of Electric Sheep?” antecipou em 1982 o Novembro de 2019
* UE deve ter plataforma multilingue de streaming de vídeo
* A acompanhar o fim da Gallery Of Lost Art, ideias para recriar obras perdidas de Umberto Boccioni
* Um funeral apenas para quem está vivo
Bónus: Chamar Nirvana a um bebé é proibido em Portugal mas há mais nomes cujo registo foi tentado e proibido noutros países: @ (China), 007 (Malásia), Anal (Nova Zelândia, onde também se tentou ter uma Sex Fruit ou um III), Cyanide (País de Gales), Metallica (Suécia, país de origem e onde se tentou registar uma criança com o nome de Ikea), Nutella (França), Osama Bin Laden (Turquia) ou Robocop, no México, onde uns pais também quiseram ter um Circuncisão. Mas muito provavelmente o nome mais original seria o também sueco BRFXXCCXXMNPCCCCLLLMMNPRXVCLMNCKSSQLBB11116…
01 novembro 2019
CqpNSNS (2019.11.01)
* Portugal quer desenvolver um programa de “e-residency” enquanto em Espanha se proíbe o Tsunami Democratic e uma Catalunha digital
* Lítio em Portugal: assalto ou mina de ouro?
* Como foi a relação entre editores e plataformas, nos últimos anos? De muito mais negativa a levemente mais negativa…
* Onde se morre mais por ser jornalista: Somália, pelo quinto ano seguido, e Afeganistão, Bangladesh, Brasil, Filipinas, Índia, Iraque, México, Nigéria, Paquistão, Rússia, Sudão do Sul e Síria. (Na Holanda, jornalista é preso por não revelar fontes…)
* Vigilância (legal?) de telemóveis em Espanha durante oito dias – o que vão fazer as operadoras
* Justiça climática: agricultores processam estado alemão
* Investigadores conseguem ligação directa cérebro-a-cérebro (antecipando a IoB, ou “Internet of brains“)
* Como um negócio força a legislação sobre a sua actividade
* CoExistence Art: Science & Technology (“the new realities that are unfolding before us”)
* “Breaking Bread“
Bónus: memorandos internos interessantes, de Nathan Mhyrvold (“Roadkill on the Information Superhighway“) a Mark Zuckerberg (“why Facebook should buy Unity“) ou Jeffrey Katzenberg (“revitalizing Disney Studios“). E entrevista a Steve Jobs na Playboy de Fevereiro de 1985.
25 outubro 2019
CqpNSNS (2019.10.25)
* Marcelo Rebelo de Sousa recebe no palácio presidencial os “influencers” nacionais e a Federal Trade Commission norte-americana investiga os seus por danos ao consumidor, ao interesse público e enriquecimento ilícito.
* Eurico Castro Alves foi o secretário de Estado da Saúde e presidente do Infarmed que permitiu a plantação de canábis medicinal. Agora é director da Symtomax, empresa autorizada a plantar canábis em Portugal.
* Banca pressionou governo na privatização da EDP.
* A visão dos bombeiros privados sobre os incêndios em Portugal.
* A Zona Franca da Madeira gastou 3,3 milhões de euros em lobby na CE.
* Tudo o que sempre quis saber sobre procedimentos de infracção da CE contra Portugal? InfringEye: 61 casos, 13 são no ambiente.
* Se 10 computadores (ou nove) de Rui Pinto não conseguem ser acedidos pelas autoridades, se a PJ precisa de milhares de anos para os desencriptar, se a Google afirma ter conseguido a “supremacia quântica” – a IBM discorda… – que permite obter em três minutos aquilo que poderia demorar 10 mil anos, porque não pede a PJ ajuda à Google?
* O relatório anual da CE sobre o Escudo de Proteção da Privacidade UE-EUA confirma “um nível adequado de proteção dos dados pessoais transferidos” mas o grupo de protecção de dados Access Now critica-o e pede a sua suspensão. Estes pactos internacionais de partilha de dados devem aumentar, como é exemplo a Convenção de Segurança Social entre Portugal (“o segundo país onde os direitos pessoais são mais protegidos“) e a China, analisada pela CNPD.
* Porque paga o Facebook a alguns media e a outros não?
* 26 dos 30 sites de notícias em França cederam à Google na questão dos resumos – como se esperava.
* O New York Times acabou com o cargo de segurança da informação, quando os jornalistas em todo o mundo estão a apostar na tecnologia para os ajudar a lutar contra a desinformação ou ataques a repórteres. E os media foram uma das indústrias com maior crescimento de trabalhadores das tecnologias.
* As empresas estão a “enfrentar o desafio da transição digital” com a “analítica de datos y la inteligencia artificial [para] localizar la mejor zona para abrir oficina, encontrar socios y reducir el riesgo de inversión“, enquanto os bancos nacionais “vão analisar comportamentos de risco nas redes sociais antes de darem créditos“.
* Quem vai controlar os conteúdos na cablagem da Internet?
* Uma oração por quem comprou o eRosário – tem problemas de segurança.
* O Congresso dos EUA não quer os condutores a beber. Não é por eles mas porque a morte de peões atingiu um novo máximo desde 1990.
* Cidades compactas mais sustentáveis, cidades mais drogadas.
* Os efeitos especiais de Exterminador 2.
* Dos vigiados hippies soviéticos à São Francisco dos anos 1980s (“Hardcore Punks and Hair Metal“) e à década de 1890s, onde as ciclistas “fizeram mais pela emancipação da mulher do que qualquer outra coisa no mundo“…
* Cubo de Rubik não devia ter sido registado como marca… há 20 anos
* Meio século de Unix e os 60 anos do Cobol são para repetir.
Bónus: O capitalismo está a viciar-nos e “o seu poder parece inescapável” como “o direito divino dos reis”. Isto quando a saúde financeira dos 1% dos mais ricos caiu nos anos pré-crise mas aumentou desde então, com os 10% mais ricos a acumularem 82% da riqueza e 50% a terem menos de 1%. E, pela primeira vez, há mais ricos chineses do que norte-americanos embora pelo menos um milhão seja excluído (“A Million People Are Jailed at China’s Gulags. I Managed to Escape. Here’s What Really Goes on Inside“).
São razões suficientes para parar de culpar os pobres pela sua pobreza até porque o “modelo egoísta da humanidade” defendido por economistas é uma “ideologia” que “não procura a verdade“.
A “necessidade de controlo” surge do mito de que os pobres são preguiçosos e pouco fiáveis, enquanto os ricos têm o “direito de disciplinar, controlar e punir os pobres”.
Nas ruas, os protestos extremistas tentam mudar esse mundo mas, apesar de numerosos, as manifestações não-violentas são mais eficazes: basta 3,5% da população protestar para se poder antecipar uma mudança política séria.
O que se vê é o contrário, em termos online ou físicos. A Internet é um exemplo de “vigilância e controlo” ou de repressão e o mundo está cheio de “omniviolência” para a qual não está preparado.
Quando os Estados não asseguram o seu papel regulador, emerge “a guerra de todos contra todos”, à qual o governos respondem autoritariamente com sistemas invasivos de vigilância (o “High-tech Panopticon”).
Onde estamos? A caminho dessa distopia com as manifestações tradicionais de uma guerra civil, eventos pré-“High-tech Panopticon”, na África do Sul, Azerbeijão, Bolívia, aqui perto na região da Catalunha, também no Chile, Egipto, Haiti, Hong Kong, Líbano ou Londres.
Poderá tudo isto mudar, em sentido mais positivo? A opinião do escritor Amin Maalouf: “La gente tiene el sentimiento de que han sido robados, expoliados, de que hay una clase política incompetente y corrupta que les utiliza. Y tienen razón. La cuestión es saber en qué va a desembocar. No lo sé. Espero que produzca dirigentes que vengan de todas las comunidades, con una visión diferente. Siempre es más difícil para un movimiento espontáneo producir un liderazgo que expresar la cólera”.
21 outubro 2019
CqpNSNS (2019.10.21)
* “Pagar €3 por semana numa assinatura digital é o suicídio da imprensa“. Este “suicídio” é cometido em Portugal pelo
– DN com €1,97/semana (€7,90/mês por “Um diário para os nossos dias”),
– JN com €1,72/semana (6,90/mês porque “É um voto a favor da informação rigorosa e competente, equilibrada e objetiva”),
– Público com €1,5/semana (€6/mês porque “Quando o país muda, o bom jornalismo diz-lhe para onde vai”), e
– Expresso (os mesmos €6 mas em campanha, quando “Nunca a verdade foi tão importante”).
* Andam a plantar ransomware no norte de Portugal, de Vinhais a Montalegre.
*Deve um jornalista revelar algo ilegal? “Inside the shutdown of the ‘world’s largest’ child sex abuse website“.
* O interesse do The Guardian nos seus leitores…
* O que há de errado nesta imagem? Praticamente tudo.
* Começaram as entregas comerciais por drone, nos EUA. Michael e Kelly Collver foram os primeiros clientes servidos mas mais contentes com drones devem ter ficado os pais de Ethan.
* Como uma cidade se “afundou” quatro metros em duas décadas – e talvez evite ser a cidade com mais população em 2035…
* O mundo é para os “entusiastas da cadeia logística“?
* Não sabe o que há-de vestir quando for ao espaço? A Virgin Galactic e a Under Armour ajudam…
* Crianças, “homo sapiens” e heranças? É mentira…
* ARTECH 2019 – Digital Media Art Ecosystems (Braga, de 23 a 25 de Outubro)
Bónus: Sabe como os pobres são “armadilhados dentro de um panóptico social que permite e alimenta a sua constante observação“, com a consequente perda do que entendemos por cidadania? Não é apenas pelo sistema de crédito social chinês (ou norte-americano) mas também pela privatização e automatização do Estado-previdência (“welfare state“, que se pode actualizar ou, em certos casos, reformar), que leva a uma maior vigilância dos pobres (como na Holanda).30 agosto 2017
A morte da imprensa é para levar a sério? Agora?
O Paulo Ferreira até tem muita razão neste "O anúncio da morte da imprensa desta vez é para levar a sério" mas, como só fala dos últimos 15 a 20 anos, escapam-lhe dois pormenores anteriores que levaram a esta situação:
1) antes da Google e do Facebook, as empresas de media puseram-se a jeito para serem compradas pelas operadoras de telecomunicações. Isto inviabilizou qualquer confronto para negociar com as operadoras uma partilha de receitas quando estas andavam a vender os pacotes de acesso à Internet acenando com conteúdos gratuitos. Este modelo de partilha (70 ou 80% pelos conteúdos nos contratos...) foi seguido na Coreia do Sul, pelo menos, e viu-se a pujança deste mercado durante várias décadas;
2) no lado da publicidade, um outro erro ocorreu: como as equipas comerciais da imprensa estavam focadas e conheciam melhor as estratégias (e as suas comissões) no papel, o digital foi vendido ao desbarato como acessório. Isto fez baixar o seu valor, enquanto em paralelo surgiam portais ligados às operadoras que - pela sua dimensão e número de utilizadores - desvalorizaram ainda mais o preço da publicidade. O que interessava era obter clientes para os serviços. Os media, pelo explicado no ponto anterior, foram coniventes nisto por ignorância ou pelo interesse em não afrontar as operadoras.
A entrada de Google, Facebook ou Yahoo acelerou este cenário e, num mercado pequeno como o português, fez baixar os preços da publicidade e levá-la ainda mais para a televisão, reduzindo os preços de forma avassaladora e prejudicando os outros meios.
O resultado é este que temos agora mas não se pode dizer que andamos a acertar no Euromilhões após conhecida a chave - várias pessoas anteciparam este cenário (Who killed the newspaper?) , sabendo como a tecnologia estava a evoluir, e várias consultoras contratadas pelos media só o não fizeram porque algumas também trabalhavam para as telcos.
Em resumo, como já se escrevia em 2006, "newspapers in this country are not dying, they are committing suicide"...
[capa da Economist de 26 de Agosto de 2006]
13 junho 2017
Offshow - ou quando as offshores são um show...
O CDS-PP devia ter tino neste caso da retirada de três "offshores" (Jersey, ilha de Man e Uruguai) da lista dos paraísos fiscais por Portugal. É uma opinião.
Cecília Meireles confirmou que o pedido "incidirá apenas na revogação da retirada destes três territórios".
A razão do "apenas" é simples: quando o seu partido estava no governo, em 2011, permitiu a Vítor Gaspar a primeira alteração à portaria de 2004 para a remoção de outros dois países, Chipre e Luxemburgo, sem questionar ou justificar essa decisão com pareceres da Autoridade Tributária.
Curiosamente, em 2014, estava a coligação PSD/CDS-PP no poder quando surgiu o Luxembourg Leaks.
Mais grave para a posição actual do CDS-PP, é que há razões objectivas e de concordância internacional para os três países terem sido retirados.
Como diz a portaria de 2016: "Ora, no caso de Jersey, Ilha de Man e Uruguai, cumpre referir que são todos membros do Fórum Global sobre Transparência e Troca de Informações para efeitos Fiscais e que de acordo com a avaliação realizada por esse organismo da OCDE, Jersey e o Uruguai foram considerados «largely compliant» e a Ilha de Man «compliant»".
Os partidos da maioria governamental deixaram-se embrenhar neste discurso, sem razão aparente e sem que a oposição olhasse para outros assuntos mais importantes. Um exemplo?
A 7 de Junho passado, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais assinou a Convenção Multilateral para Prevenir a Erosão das Bases Tributáveis e a Transferência de Lucros.
O comunicado de imprensa fala de 67 mas foram 76 os países que assinaram este BEPS, que não é um "projeto", como diz o Ministério das Finanças, mas um protocolo de boas práticas dinamizado pela OCDE há mais de uma década (e consistentemente adiado...) para evitar a evasão ou a fraude fiscal.
E o que se sabe da posição de Portugal sobre o BEPS em Portugal? Nada. O que está divulgado pela OCDE não serve para muito.
O secretário de Estado afirmou que "o Governo optou por dar mais relevância à troca de informações porque, em linha com os desenvolvimentos internacionais dos últimos anos, é a melhor forma de descobrir e tributar rendimentos que são ocultados através de regimes de tributação privilegiada. Assumimos essa opção com frontalidade".
Nesta cultura de frontalidade, Rocha Andrade pode revelar o que consta dos 79 tratados bilaterais assinados por Portugal, por exemplo? Em vez de evitar aquele vazio fraseado do "<The Government of the Portuguese Republic and the Government of the [...],> desiring to conclude a convention for the avoidance of double taxation and the prevention of fiscal evasion with respect to taxes on income, <have agreed as follows:>"?
E, já agora, pode o CDS-PP preocupar-se com este assunto? "Apenas" porque é mais importante para o país do que terem saído três de uma lista de 83 países com tributação fiscal privilegiada...
24 janeiro 2017
Como a CIA via Portugal a 26 de Abril de 1974
Em memorando, Kissinger explica a Nixon que o 25 de Abril ocorreu devido às "políticas africanas de Lisboa e a divisões dentro dos militares". Estes, agrupados no MFA, eram "virtualmente desconhecidos, mas são quase certamente oficiais de nível médio devotados ao general António de Spínola".
"Soberbamente organizados e bem liderados, os insurrectos tomaram o governo pela surpresa". Spínola era apontado como próximo Presidente da República, tendo um "tal prestígio que, apesar das divisões nas forças armadas, ele poderá mantê-las sob controlo".
"A reorientação de Portugal fora de África e para a Europa pode ser traumática" mas os EUA não esperavam problemas com Spínola, até porque o golpe de Estado "não colocou os interesses dos EUA em perigo" e podia mesmo ter benefícios a curto prazo, como diminuir "a pressão portuguesa por armas dos EUA para uso nos territórios africanos".
A síntese de Kissinger é baseada num documento do National Security Council, de 26 de Abril, enviado pela CIA a Brent Scowcroft, National Intelligence Officer, onde se explica como, com a excepção da Guiné, "as províncias africanas" ofereciam retorno económico a certos grupos económicos em Portugal, nomeadamente "grandes corporações na metrópole, detidas por umas poucas poderosas famílias, que controlam virtualmente todos os aspectos dos sectores económicos modernos dos territórios, incluindo a indústria local, comércio, banca e plantação agrícola". A situação vinha desde Salazar ou antes, com "um grupo de talvez 40 famílias" a controlarem o poder económico e a terem "um papel decisivo no exercício do poder político", através desse "controlo da economia, propriedade dos media, representação nos corpos legislativos e a sua ligação próxima com responsáveis governamentais de topo".
Como a situação em África era lucrativa para estes "astutos homens de negócios", muitos deles opunham-se a uma saída de Portugal - apesar das operações militares custarem vidas humanas e muito dinheiro. De 1961, quando Portugal tinha 84 mil soldados, apenas 30 mil estavam em África. Em 1973, esses números tinham escalado para 216 mil, com 150 mil destacados para solo africano, com um registo de cerca de 400 mortes. "Apesar de cerca de 60% destas forças serem [desses] territórios - a maioria negros -, o serviço militar causou uma escassez de mão de obra, agravada pela emigração" de jovens portugueses para a Europa.
Do lado financeiro, se os custos em 1960 chegavam aos 105 milhões de dólares, em 1973 eram mais de 521 milhões. Estas "despesas em defesa representaram 27% em 1960, 45% em 1966-68 e 30% em 1973".
O relatório aponta o lançamento a 22 de Fevereiro de 1974 do livro de Spínola, "Portugal e o Futuro" (defendendo uma comunidade lusitana de Estados), e "evidentemente com o apoio" de Marcelo Caetano, como o início da crise.